João Santana quer disputar o terceiro turno

  • 6/11/2014
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João Santana foi descansar em Paris. Mas como descansar se a eleição, ao que parece, ainda não terminou ? Da Cidade Luz, o marqueteiro mandou uma recomendação curta, para ser seguida imediatamente. Teor da mensagem: Dilma Rousseff precisa se defender das acusações de que mentiu deslavadamente durante a campanha eleitoral. A presidenta não deve se expor diretamente, a não ser em algumas respostas mais cirúrgicas. A sugestão é que escolha uns três rottweilers do seu time, gente com o perfil de Ciro Gomes, e, para missões de fundo, até mesmo o ex-presidente Lula. Algumas dicas de Santana: Dilma não estaria se contradizendo caso tivesse convidado um banqueiro – mais precisamente, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco – para compor seu governo. Suas críticas a Marina Silva, motivo da celeuma, se deviam ao fato de que ela era uma candidata “tutelada e sustentada por donos de banco”. Na visão de Santana, Dilma tem de deixar claro que não foi nem tutelada nem sustentada por banqueiro, muito menos precisou indexar sua imagem a um financista, como fez Aécio Neves. Outro ponto a ser enfatizado pelo governo: Dilma teria chamado Trabuco – ressalte-se o tempo condicional do verbo – depois de eleita, soberanamente, para uma função no qual um banqueiro se notabilizou por grandes préstimos na gestão Lula. Ou ninguém se lembra mais de Henrique Meirelles? Quanto a  elevação da taxa Selic na última reunião do Copom, confundir uma sinalização de maior aperto na política monetária com os juros praticados na gestão FHC – em 1999, a taxa chegou ao pico de 45% – é confundir tatu-bola com tamanduá. Dilma não disse que ia congelar a Selic. Para Santana, o governo deve carregar no discurso de que o PSDB inflou o que pode o temor de descontrole inflacionário. Curiosamente, na primeira gestão de Lula, a tática tucana foi a mesma, o que forçou um ano de ajuste duríssimo. João Santana acha que o país já está atravessando um terceiro turno e Dilma tem de reagir rapidamente a  tentativa de desestabilização do seu governo. A presidenta tem tribuna para responder a s acusações, além de uma máquina de publicidade testada e bem-sucedida. Na visão do marqueteiro, ou Dilma contra ataca agora ou acaba carimbada. O jogo ainda está sendo jogado. Em tempo: João Santana trata a estratégia para o “terceiro turno” também como uma missão em causa própria. Santana quer ser o marqueteiro do governo, e não apenas o da campanha. O primeiro desafio é provar que não criou um paraíso artificial tão-somente para o discurso eleitoral de Dilma Rousseff. Mais uma vez, Santana joga pelo maior de seus clientes. E também por ele próprio.

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