Alguém sabe qual é a do HSBC no Brasil?

  • 6/08/2014
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Se o Santander tiver um mínimo de visão estratégica e senso de oportunidade para transformar o limão das críticas ao governo de Dilma Rousseff numa limonada, saca do coldre uma oferta pela operação do HSBC no Brasil. Nem que seja apenas para ver o que vai dar. Se, de um lado, há um conglomerado financeiro que precisa, o quanto antes, dar uma demonstração de força e reconstruir sua reputação institucional no país, do outro o que se vê é apenas uma silhueta, o contorno cada vez mais pálido de uma caricatura bancária. O tempo passa, o tempo voa, e o HSBC Brasil parece fadado a ser uma carta fora do baralho da banca nacional. Sua operação no país não lembra nem de longe o porte e a importância do grupo no mercado bancário internacional. Com apenas R$ 170 bilhões em ativos, o HSBC se distanciou de vez do topo do ranking bancário. Para enxergar o mais próximo a  sua frente – o próprio Santander, com R$ 500 bilhões em ativos – só com binóculos. Mas para ver quem vem logo atrás basta um óculos de grau: o Safra tem R$ 131 bilhões em ativos; o BTG Pactual, R$ 125 bilhões. No atual ritmo, não vai demorar muito para o HSBC perder o posto de quarto maior banco privado do país. Os próprios concorrentes têm dificuldade em decifrar a estratégia do grupo no país. A percepção é que o HSBC é um banco sem foco no mercado brasileiro, desnorteado com os cadentes ativos que possui. Um exemplo é a Losango. A financeira está sobre o balcão há várias liquidações. Como não aparece um comprador, o que resta ao HSBC é canibalizar a operação cada vez mais. Por essas e outras, sua atual imagem no Brasil é a de uma instituição apequenada, provinciana. O HSBC é visto como um banco curitibano, e não um banco brasileiro. Para efeito de ilustração, o HSBC de hoje é proporcionalmente menor do que o próprio Bamerindus. E lá se vão 17 anos desde que os ingleses compraram o antigo banco de José Eduardo Andrade Vieira. De lá para cá, a instituição tem perdido seguidamente importância relativa no país. Em dezembro de 2008, o banco detinha cerca de 3,3% de todos os ativos do sistema financeiro nacional. De lá para cá, este índice caiu para 2,4%. No mesmo período, sua participação sobre o total de depósitos bancários do país recuou de 5,1% para 2,9%. Quando o assunto é rentabilidade, aí vira até covardia. Em 2013, os dez maiores bancos privados do país tiveram um retorno médio sobre patrimônio de 11,6%, mais do que o dobro da esquálida rentabilidade do HSBC: 4,5%. No primeiro semestre deste ano, o banco manteve a toada: seu lucro caiu 65% em comparação a janeirojunho de 2013. Anualizado, o resultado de US$ 55 milhões representa uma rentabilidade de apenas 2,5%. Sem comentários. O HSBC perdeu até mesmo espaço territorial. Hoje, suas agências respondem por 3,8% da rede bancária brasileira, contra 4,5% no fim de 2008. O HSBC Brasil é minúsculo dentro do próprio HSBC. A operação brasileira equivale a 2,7% do total de ativos do grupo no mundo. Para efeito de comparação, no caso do próprio Santander, maior banco estrangeiro do país, a subsidiária local é responsável por 14% dos ativos globais. O que mesmo o HSBC está fazendo no Brasil?

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