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É cada vez mais preocupante a situação da Usina São Fernando, uma das maiores produtoras de álcool e açúcar do Centro-Oeste. Os próprios credores, liderados por mais de uma dezena de bancos, estariam fazendo pressão pela venda da empresa, em recuperação judicial desde abril do ano passado. As instituições financeiras jogam a responsabilidade pela crise da companhia na conta de uma série de equívocos que teriam sido cometidos pelos atuais gestores. Nem mesmo a aprovação do plano de recuperação judicial, em setembro de 2013, aquietou os ânimos. Os credores estão numa encruzilhada. Tarefa difícil encontrar um comprador para a usina em meio ao breu da indústria sucroalcooleira no país. Sobretudo quando se trata de uma empresa que carrega uma dívida superior a R$ 1 bilhão. A alternativa seria a conversão dos créditos em participação acionária. Os próprios bancos assumiriam o controle e a gestão da companhia e tocariam o processo de reestruturação para a posterior venda do ativo. Qualquer solução nesse sentido passa obrigatoriamente pelo BNDES e pelo Banco do Brasil, os dois maiores credores da São Fernando. A dupla responde por quase um terço dos créditos contra a usina. O enredo da recuperação judicial da São Fernando é intrincado. A companhia está no meio de um tiroteio de informações desencontradas. Segundo fonte de um dos bancos credores, a empresa teria atrasado o pagamento das dívidas trabalhistas, que somam R$ 1,6 milhão. A São Fernando nega os atrasos e garante que os débitos com os funcionários foram totalmente quitados. Até mesmo o controle societário da companhia é objeto de controvérsia. No setor, o empresário José Carlos Bumlai sempre foi tratado como o dono da usina. Na própria mídia, Bumlai é recorrentemente citado como proprietário da companhia. Uma busca no Google unindo os nomes do empresário e da São Fernando gera 2.360 resultados. Oficialmente, no entanto, o grupo garante que nunca teve qualquer vínculo societário com Bumlai. A São Fernando é uma das maiores usinas construídas no país durante o boom do setor, na segunda metade da década passada. Dentre essa nova leva de unidades de refino de álcool e açúcar, foi também a primeira a entrar em recuperação judicial. No entanto, o que mais contribui para lançar os holofotes na direção da companhia é mesmo a suposta relação com José Carlos Bumlai. Nome importante do agronegócio no Centro Oeste, o empresário ganhou ainda mais notoriedade por conta da amizade com Lula. Durante os dois mandatos do ex-presidente, Bumlai sempre teve ótimo trânsito no Planalto. O próprio relacionamento entre o empresário e Lula foi fartamente mencionado pela mídia por ocasião do pedido de recuperação judicial da São Fernando. Não custa lembrar que a construção da usina foi viabilizada, em grande parte, graças ao financiamento do Banco do Brasil e do BNDES. Somente com a agência de fomento, a dívida da empresa passaria dos R$ 300 milhões.
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