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Acervo RR
O Rio de Janeiro corre o risco de virar terra estrangeira, ao menos no setor elétrico. Depois da venda da Light para a Cemig, agora é a paranaense Copel que pretende invadir o estado. A empresa é candidata a compra da Ampla, distribuidora controlada pela Enel. Já teria, inclusive, apresentado uma primeira proposta aos italianos no fim de 2009. A negociação econômica, no entanto, é a parte mais simples do enredo. O que promete ser complexo é a costura política da operação. A eventual compra da Ampla pela Copel terá de passar obrigatoriamente por conversações com o governo do estado. Trata-se de um assunto extremamente delicado. Caso a negociação da Ampla se consume, as duas grandes empresas de energia do Rio de Janeiro passariam ao domínio de concessionárias de outros estados. Em última linha: o mando no setor elétrico do Rio ficaria nas mãos dos governos de Minas Gerais e do Paraná. Isso se os mineiros não fizerem barba, cabelo e bigode. Ressalte-se que a Cemig também tem interesse na compra da Ampla. No ano passado, o próprio governador Aécio Neves esteve na Itália conversando com o board da Enel. Na ocasião, manifestou a disposição de adquirir alguns dos ativos do grupo no país, incluindo a distribuidora fluminense. Além do enfraquecimento político do Rio, a investida da Cemig e da Copel trazem a reboque o risco de exportação do centro de decisão. Nada impediria, por exemplo, que a sede e, consequentemente, a diretoria da Light ou da própria Ampla fossem transferidas para seus novos estados controladores. Do ponto de vista operacional, pode até ser um movimento difícil, por se tratarem de duas concessionárias de serviços públicos, mas impossível não é. Ao mesmo tempo em que movimenta as peças no tabuleiro político, o governador Roberto Requião monta o modelo para a eventual entrada da Copel no Rio de Janeiro. A ideia é criar uma empresa de participações que seria também usada para a compra de concessões em outros estados. A Copel deverá ser acompanhada de private equities e investidores do setor elétrico. No plano de voo traçado pelo governo paranaense, a estatal assumiria 49% das ações. O restante do capital seria dividido entre os sócios privados. Este consórcio ficaria responsável pela compra dos 46,89% da Ampla em poder da Enel. O mais provável é que avance também sobre a participação da EDP, dona de 7,7% da distribuidora fluminense.
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