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Suelto sobre o bom vinho e a borra esmagadora

  • 20/01/2014
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Da cor da turmalina é a excepcional safra do vinho raro decantada por alguns bons brasileiros nos últimos dias. A reflexão servida por essa esquadra antialarmismo é um néctar da maior qualidade. Destaque para o professor Francisco Lopes, ex-diretor do Banco Central, que orquestrou a mais lúcida análise da política econômica do governo Lula/Dilma. Sem a mesma exposição, regeram magnificamente suas partituras o embaixador Jorio Dauster, o presidente da FGV, Carlos Ivan Simonsen Leal, e o professor da Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE), Aloisio Araújo, todos pensadores não alinhados com o PT. Esses enólogos da economia têm contribuído mais do que toda a inteligência de esquerda para demonstrar que não existe motivo para o terrorismo que vem sendo praticado por economistas financistas e acadêmicos a soldo, cujas opiniões hegemônicas vêm sendo disseminadas pela mídia comprometida. Mesmo que a maior parcela da résistance contra o pensamento econômico ideológico ou desonesto somente sirva sua iguaria em nichos pouco audíveis, o importante é que habbemos inteligência. Em linhas bem gerais, vocalizam que não crescemos o desejado porque, entre outras variáveis, optamos preferencialmente pela distribuição de renda a ampliar o bolo do PIB. Este, por sua vez, tende a crescer menos porque o pleno emprego diminui o exército de contingência recrutável para expandir a riqueza nacional. Desde o primeiro ano do governo Lula, essa acabou se tornando uma escolha da democracia. Informam que a manutenção do consumo, a elevação dos salário e a redução da miséria têm um custo inflacionário, ainda residual em relação aos benefícios citados. Elucidam que a dívida líquida é um Chateau Talbot, mas, vá lá, se quiserem um Petrus, deduzam da tão decantada dívida bruta as reservas líquidas em reais. Ainda assim, o paladar é magnífico. Em outras palavras, a nossa situação fiscal está tão boa ou melhor do que estrilam os locutores do mercado financeiro. Explicam ainda que a crise financeira internacional, as manifestações de rua e a queda do crescimento chinês são externalidades que influenciaram o afrouxamento fiscal, a carestia, os juros e a conta corrente. Lembram que o maior programa de concessões/privatizações do mundo está começando e tem potencial para ser extremamente ampliado. Ponderam que mais ou menos 2,5% a 3,5% é o nosso PIB estrutural ? o que não é motivo de vergonha ?, pois decidimos por um experimento de combinação de razoável flutuação cambial, Banco Central autônomo e rédeas fiscais sob controle em sintonia com a absoluta prioridade ao social. Informam que todos os ajustes necessários não são dolorosos e sim correções de rota simples, noves fora as reformas estruturais há muito aguardadas. O país tem do que se orgulhar. Portanto, recomenda-se a  presidente Dilma que se dispa desse estilo cleopátrico, pare de cultivar áspides a  quente em seu peito e acalente esses ainda escassos intérpretes lúcidos da realidade. Eles são a boa nova que surgiu nessa terra onde o vinho de uma extensa margem a  direita do rio é avinagrado.

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