Mabe cozinha credores sem a capitalização esperada

  • 2/01/2014
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O ano de 2014 começa com uma má notícia para os credores da Mabe no Brasil, em recuperação judicial há sete meses. A expectativa de uma capitalização da companhia por parte dos acionistas controladores ficou no passado, junto com 2013. Um dos maiores fabricantes de eletrodomésticos da América Latina, a mexicana Mabe sinalizou que não fará aportes na operação brasileira. Prevaleceu exatamente o cenário que os credores mais temiam: a reestruturação da empresa e o pagamento do passivo dependerão de recursos gerados pela própria subsidiária. Ou seja: a filha em dificuldades que se vire sem esperar por um centavo da mãe. Diante da postura adotada pelos mexicanos, a primeira medida da Mabe Brasil deverá ser a venda da fábrica de Itu, fechada logo após o anúncio da recuperação judicial, em maio do ano passado. Na empresa, discute-se abertamente a possibilidade de negociação de uma segunda unidade industrial ? a Mabe tem fábricas em Hortolândia e Campinas, ambas em São Paulo, onde trabalham 2,7 mil operários. Antes disso, provavelmente ainda no primeiro trimestre deste ano, outros imóveis, como centros de distribuição e escritórios comerciais deverão ser alienados. Estas medidas, no entanto, equivalem a tentar matar um elefante com um revólver 38. E o paquiderme, neste caso, são as dívidas superiores a R$ 400 milhões, que empurraram a empresa para a recuperação judicial. Entre os executivos da Mabe Brasil, a percepção é que a solução da crise financeira da companhia passa por um movimento bem mais drástico: a negociação de parte do capital. Segundo fonte de um dos bancos credores da Mabe, a própria matriz já teria demonstrado interesse em vender até 50% da operação brasileira, fabricante da tradicional marca de fogões Continental. A postura adotada pelos mexicanos tem causado perplexidade entre os credores e os executivos da Mabe Brasil. Nos bons tempos, a subsidiária chegou a responder por quase 25% do faturamento global do grupo. No entanto, a própria matriz vem enfrentando alguns percalços financeiros, o que também desencorajou o grupo a fazer qualquer aporte no Brasil. Pelo plano de recuperação judicial aprovado pelos credores em outubro do ano passado, a fabricante de eletrodomésticos terá dez anos para quitar seu passivo. Só as chamadas dívidas quirografárias, sem garantia real, somam mais de R$ 330 milhões.

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