Grupo Impsa vira-casaca e se veste de verde e amarelo

  • 5/12/2013
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Nesse ritmo, o empresário Enrique Pescarmona ainda vai acabar se tornando pivô de um entrevero diplomático. Um dos homens mais ricos e poderosos da Argentina, Pescarmona vem transferindo para o Brasil uma parte cada vez maior de seus negócios, o que tem provocado um sério desgaste em seu relacionamento com a presidente Cristina Kirchner. Mais de 50% do faturamento do Grupo Impsa, de sua propriedade, já são decorrentes das operações do lado de cá da fronteira. A expectativa da companhia é que este índice chegue aos 60% até o fim de 2014, número que poderá ser superado se Pescarmona conseguir tirar do papel seu próximo grande projeto no Brasil: a criação de um fabricante de equipamentos de energia com porte suficiente para concorrer com os gigantes do setor leia-se Alstom, Siemens, ABB e GE, entre outros não apenas no mercado brasileiro como em outros países da América Latina. A Impsa pretende atrair um sócio brasileiro para o projeto. Um forte candidato é o InfraBrasil, capitaneado pela Previ. O fundo de investimento em infraestrutura tem participações em projetos de geração e usaria esta inserção como forma de baratear a construção de usinas. Os argentinos, por sua vez, já produzem componentes para o setor elétrico no país, mais precisamente em Pernambuco, onde têm uma fábrica de turbinas para grandes hidrelétricas e usinas eólicas. O vira-casaca de Enrique Pescarmona suscita reações diferentes em cada lado da fronteira. No Brasil, o empresário é incensado pelos governos do Rio Grande do Sul e de Pernambuco, que oferecem mil e uma contrapartidas para receber os investimentos da Impsa; na Argentina, passou a ser visto por alguns setores do governo como uma Quinta Coluna. Na Casa Rosada, a indisposição em relação a Pescarmona é cada vez maior. Além da exportação de divisas, com a concentração de seus aportes no país, a Impsa tem reinvestido seus lucros no Brasil. Ou seja: é um dinheiro que não volta para a Argentina. A situação tende a se agravar; já há algum tempo a própria imprensa portenha especula a possibilidade de o Grupo Impsa transferir seu centro de decisões para o Brasil. Além do aumento das operações em terras brasileiras, o movimento se justificaria também por razões fiscais e pelo acesso a financiamentos em condições bem mais vantajosas do que na Argentina. Neste contexto, a montagem de uma grande operação na área industrial seria a peça que falta para que a mudança da sede se consumasse. Se é que, na prática, isso já não ocorreu. Dois dos quatro filhos de Enrique Pescarmona moram no Brasil e o próprio empresário tem vindo ao país de forma cada vez menos espaçada. Enquanto o projeto maior não sai do papel, a Impsa acelera a expansão de seu complexo industrial em Suape. A fábrica de turbinas vai passar por mais uma fase de ampliação. Para 2014, os argentinos preveem ainda a construção de sua segunda unidade de produção de aerogeradores para usinas eólicas no país a primeira está instalada no Rio Grande do Sul.

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