Ciro Gomes acena com proposta de devassa patrimonial dos presidenciáveis

  • 8/06/2018
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Ciro Gomes estuda propor publicamente aos demais concorrentes à Presidência da República que aceitem passar por uma rigorosa auditoria do seu patrimônio pessoal. A medida funcionaria como uma espécie de amplo inventário da idoneidade dos candidatos ao Palácio do Planalto, com a anuência e cooperação de diversos órgãos competentes, a exemplo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Receita Federal, Banco Central, Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) etc. Entre outras sugestões, Ciro discute com seus assessores a possibilidade de aproveitamento dos acordos operacionais feitos entre o Brasil e autoridades de outros países para a troca de informações financeiras e fiscais com o objetivo de gerar salvo-condutos para os presidenciáveis.

A medida, ressalte-se, teria um grau de profundidade e extensão muito maior do que o historicamente adotado em outros processos eleitorais. A perquirição se aplicaria não apenas ao candidato, mas também a parentes de primeiro e segundo graus. A investigação teria o devido, com a disponibilização pública das informações financeiras coletadas. A proposta embalada por Ciro Gomes pode até soar como demasiadamente invasiva. No entanto, há que se considerar que circunstâncias excepcionais pedem e justificam soluções excepcionais.

O país viverá um processo eleitoral sem precedentes, dado o grau de criminalização da política trazido – ou desvendado – pela Lava Jato. Um número de candidatos jamais visto chegará à urna eletrônica com a imagem encardida por acusações de corrupção, quando não com denúncias já formalizadas à Justiça – para não falar que o líder virtual das pesquisas à Presidência está na carceragem da PF, em Curitiba. Aos olhos da opinião pública, a premissa que prevalece hoje é a de que todos são culpados até que se prove o contrário.

Some-se a isso o fato de que o atual modelo de prestação de contas estabelecido pela legislação eleitoral revelou-se uma malha de trama larga demais, incapaz de reter devidamente indícios de enriquecimento ilícito e de eventuais malfeitos na vida pública. Em 2010, por exemplo, quando se reelegeu para o governo do Rio, Sérgio Cabral declarou ao TSE um patrimônio de R$ 843.094,42. O futuro desvendaria outras cifras. Originalmente, Ciro Gomes pensou em recuar da proposta de devassa patrimonial dos candidatos devido aos constrangimentos que ela poderia provocar junto ao PT, eventualmente um potencial aliado até mesmo para o primeiro turno. Mas, se hoje existe uma liderança política que já teve suas contas escancaradas e seus problemas assumidamente revelados é o ex-presidente Lula.

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