Artur Falk agora é um papa-tudo de diamantes

  • 27/07/2018
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O folclórico empresário Artur Falk está de volta aos negócios no Brasil. Bem, mais ou menos de volta. Se entrar no país, Falk será preso. Condenado por crimes contra o sistema financeiro, o empresário vai empreender lá de fora, em associação com capitais da Rússia. O projeto é a mineração de diamantes na área kimberlíticas ao oeste de Minas – nas proximidades de onde o mítico empresário Samy Cohn fez fortuna explorando a pedra preciosa. O negócio está avançado e os alvarás de exploração já foram acertados com o Departamento Nacional da Produção Mineral e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. Falk hoje vive entre Berlim e Moscou.

O empresário é uma espécie híbrida do Barão de Münchausen com Naji Nahas. Tornou-se um trader internacional de barrilha – matéria-prima para a produção de vidro. Quando a Companhia Nacional de Álcalis foi privatizada, Falk quebrou o monopólio estatal do insumo. Achou um jeito de abrir o mercado para importações, levou a Álcalis à bancarrota e quase matou de ódio o dono da empresa, o armador José Carlos Fragoso Pires, que atribuía a Falk um protagonismo na destruição do seu império. As peripécias de Artur Falk parecem ficção.

O empresário foi sócio de Roberto Marinho no título de capitalização Papa Tudo – quem conheceu o dono de O Globo, sua fleuma e conservadorismo, acha que Falk usava alguma poção mágica ou praticava o vodu. Dois anos depois de escalar os píncaros do sucesso, tendo Xuxa como garota-propaganda, o Papa Tudo desabou por problemas de gestão. Por falar em Xuxa, foi Falk quem a descobriu. Ele contratou-a para sua agência de modelos. Quando o empresário fazia reuniões de negócios na sua empresa, importava dez a quinze modelos, e, toda a vez que tocava a campainha da mesa para pedir qualquer coisa, as meninas se revezavam para atendê-lo.

Xuxa era uma delas. Com o fim do Papa Tudo, Falk chamou Eduardo Cunha para uma associação em torno de um novo título de capitalização, dessa vez voltado para o público evangélico. O parceiro escolhido foi o banqueiro Daniel Dantas. E, pasmem, a consultoria jurídica era de Roberto Mangabeira Unger. Graças a Deus o título não saiu. Falk fez muitas outras travessuras. Uma delas foi a compra do Hotel Nacional, pelo qual pagou só a entrada para vender depois.

Uma história divertida do empresário foi quando ele conheceu Betinho e adorou a ideia do balanço social. Encomendou rapidamente que fosse feita uma demonstração das iniciativas mais nobres do grupo. Pouco depois ficou perplexo ao saber que não tinha realizações que pudessem ser enquadradas como iniciativas sociais. Perguntou, então, à agência à qual tinha encomendado a missão: quanto custa fazer obras sociais? Recebeu de volta um número tentativo. “Pode deixar, me dê um mês”. O balanço social de Falk foi um dos mais recheados daqueles tempos pioneiros da produção destes relatórios.

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