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Acervo RR
Vai ver é praga de algum acionista mais agourento da Gafisa, a quem Henrique Alves Pinto empurrou a problemática e deficitária Tenda como se estivesse vendendo um Ovo de Fabergé. O fato é que a agua de Cheiro, controlada por Alves Pinto, tem exalado fragrâncias cada vez mais desagradáveis ao olfato do empresário. A rede de perfumarias convive com uma série de problemas, a começar pelo próprio ritmo de produção. A fábrica própria de Lagoa Santa (MG) e a empresa terceirizada AGE não estariam dando conta das encomendas feitas por toda a rede, sobretudo no caso das lojas franqueadas. A companhia enfrenta também crescentes percalços na área de logística, o que estaria provocando mais atrasos na entrega dos produtos aos pontos de venda. As dificuldades no abastecimento da rede varejista e, consequentemente, no faturamento das mercadorias teriam provocado um efeito em cascata a s avessas. Segundo informações filtradas junto a própria agua de Cheiro, desde o início do ano a empresa tem atrasado o pagamento a fornecedores. Este aroma parece ter se espalhado pelo mercado. Há cerca de seis meses, o BTG Pactual procura, sem sucesso, um sócio para a rede de perfumarias. Procurada pelo RR, a agua de Cheiro negou qualquer problema com fornecedores e na área de logística. Informou que tem dois centros de distribuição e, em agosto, vai inaugurar o terceiro, em Goiás. Em relação a venda de uma participação, divulgou que “não comenta especulações de mercado”. Boa parte dos problemas da agua de Cheiro é atribuída ao acelerado crescimento nos últimos dois anos. Segundo fontes ligadas ao próprio Alves Pinto, o empresário teria forçado a companhia a dar passos em um ritmo muito além do que sua musculatura poderia suportar. Desde dezembro de 2009, o número de pontos de venda mais do que triplicou, saltando de 270 para quase 900. Após comprar a empresa, em 2009, Henrique Alves Pinto decidiu que era necessário dar ao mercado uma grande demonstração de mudança, rompendo com o estado de hibernação em que o negócio se encontrava. A sensação na empresa é que ele acertou no remédio, mas errou na dosagem. Pessoas próximas a Henrique Alves Pinto dizem, em tom sarcástico, que ele deveria buscar uma “nova Gafisa”, desta vez da área de perfumaria. Nem tanto. A associação é maldosa demais. A agua de Cheiro está longe de ser uma Tenda. Mas talvez precise mesmo de um novo sócio em seus frascos.
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