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Sabesp vira public company sem perder a pele de estatal

  • 14/10/2011
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O governador Geraldo Alckmin está diante de um dilema shakespeariano: como aumentar a participação privada na Sabesp e estancar a crescente perda de concessões sem tirar a gestão das mãos do estado? Eis a questão. Andrea Calabi e José Aníbal, respectivamente secretários de Fazenda e de Energia de São Paulo, têm suado hectolitros para equacionar o enigma. No momento, uma proposta em específico começa a ganhar corpo dentro do governo. Trata-se da transformação da Sabesp em uma public company. De acordo com o esboço elaborado pelas duas pastas, nenhum sócio poderia ter mais de 20% das ações ordinárias. Isso incluiria o próprio governo. Neste desenho, o estado, que hoje detém 50,26% do capital votante da empresa, venderia uma fatia de pouco mais de 30%. Esta operação depende de um bem amarrado acordo de acionistas, que manteria a administração da empresa de saneamento sob a batuta do governo paulista. Os demais acionistas poderão indicar os integrantes da diretoria da empresa. Mas a nomeação do presidente – um gestor profissional – permanecerá como uma prerrogativa do estado, um modelo com vários pontos em comum com o da Vale. Andrea Calabi e José Aníbal pretendem apresentar o projeto a Geraldo Alckmin até janeiro, o que, nos cálculos da Secretaria de Fazenda, permitiria a execução da operação ainda no primeiro semestre de 2012. Ambos apostam no atrativo de uma gestão compartilhada entre investidores privados e o poder público. A pulverização do capital e a profissionalização da Sabesp são vistas como fatores capazes de aumentar a capacidade de financiamento da empresa junto a bancos privados. O plano de investimentos da estatal para o próximo ano gira em torno de R$ 1,5 bilhão. Na caça por sócios e recursos, o governo paulista tem uma prioridade: fechar as torneiras da Sabesp e conter a diáspora de municípios que têm rompido o contrato com a empresa, notadamente no interior do estado. Trata-se de um problema de alcance cada vez maior. Há episódios, inclusive, de prefeituras que estariam incitando a população local contra a companhia. Este seria o caso de Taubaté. No mês passado, um grupo de moradores da cidade entrou com uma ação popular questionando a renovação do contrato de concessão do município com a Sabesp. Por ora, este fenômeno não tem impacto nos resultados da Sabesp. No ano passado, a empresa registrou o maior lucro da sua história – R$ 1,6 bilhão. No entanto, projeções do governo indicam uma tendência de queda da receita para os próximos anos. O balanço de 2010 já foi um aviso. O faturamento ficou estagnado em relação ao ano anterior.

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