Buscar
Acervo RR
Em sua recente visita ao Brasil, o vice-presidente mundial da AES, Andres Gluski, bateu a porta do BNDES com a proposta de um troca-troca societário que colocaria um ponto final em um dos mais longos imbroglios do setor elétrico. Segundo uma alta fonte da agência de fomento, o grupo está disposto a vender para o banco a sua participação de 50,01% na Brasiliana, controladora da Eletropaulo ? o restante das ações pertence ao próprio BNDES. Gluski teria afirmado que o grupo está revendo seus negócios no exterior e a saída da Brasiliana é tratada como um movimento-chave para a redução da exposure internacional. Em contrapartida, a AES contaria com o apoio do banco para seguir investindo no Brasil, só que, desta vez, apenas na área de geração. No alvo, hidrelétricas, usinas eólicas e solares. De acordo com a mesma fonte, o banco deverá entrar no negócio com dois chapéus: como financiador e como sócio dos projetos. No alto-comando do BNDES, todo e qualquer movimento do grupo norteamericano é visto com enorme dose de desconfiança e ceticismo. Dentro do banco, há quem diga que a AES não negocia, mas, sim, joga pôquer. O BNDES sabe bem onde lhe aperta o calo. O relacionamento com a multinacional é uma longa história de blefes e dissimulações. A própria passagem de Gluski pelo Brasil causou enorme estranheza. Ao mesmo tempo em que negociava com o BNDES, Gluski fazia um tour pela mídia negando qualquer intenção da AES de sair da Brasiliana. Incredulidades a parte, o fato é que a proposta trazida por Andres Glusky foi vista com bons olhos dentro do banco. A operação representaria o fim do impasse societário em torno da Brasiliana, resultado da postura dúbia da própria AES, que nunca foi muito clara em relação a seus planos futuros na empresa. De quebra, o governo ainda contaria com a garantia de novos investimentos em geração. Mas tudo isso é peanut se comparado ao maior benefício que será gerado com a saída da AES da holding. A operação permitiria ao governo rearrumar várias peças no tabuleiro do setor elétrico e deslanchar o tão ambicionado projeto de criação de uma grande empresa nacional de energia. O caminho ficaria aberto para uma fusão entre a Eletropaulo e a CPFL, operação que teria como dínamos o próprio BNDES e a Previ. A associação daria origem a uma distribuidora com cerca de 25 milhões de clientes, atuação em mais de 600 municípios e faturamento superior a R$ 22 bilhões por ano.
Todos os direitos reservados 1966-2024.