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Acervo RR
A escolha de Edison Lobão para o Ministério de Minas e Energia dá uma pista do que o destino reserva para um dos principais projetos do Brasil no setor: a duplicação do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). A indicação praticamente joga uma pá de cal sobre o investimento. Na semana passada, em conversa com assessores de Dilma Rousseff, Lobão reafirmou ser contra a expansão do pipeline posição que ele já defendia, com certa discrição, em sua primeira passagem pelo Ministério. Não está sozinho. A própria presidente eleita não morre de amores pelo empreendimento. Orçado em mais de US$ 1 bilhão, o projeto é considerado caro, vis-a -vis a perda de importância relativa no âmbito da política energética do governo. A duplicação foi acordada entre os dois países em um momento em que o Brasil era excessivamente dependente do gás boliviano. Edison Lobão é partidário da ideia de que a Petrobras deve privilegiar a produção de gás natural em seu próprio território, que ganhará uma dimensão ainda maior com as descobertas no pré-sal. De quebra, o projeto esbarra ainda em desavenças societárias. A TBG e a GTB responsáveis, respectivamente, pela gestão do gasoduto no lado brasileiro e no lado boliviano é controlada por vários grupos estatais e privados, cujos interesses se esbarram recorrentemente. É praticamente inevitável que o cancelamento do projeto crie algumas rusgas diplomáticas entre os dois países. Se, do lado brasileiro, a ampliação do Gasbol é vista com certo desdém, na Bolívia, trata-se de um empreendimento visceral. Sua suspensão joga uma bomba no colo de Evo Morales. A Bolívia não tem hoje a quem vender a produção excedente de gás natural.
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