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Acervo RR
A negociação da Cetelem – ver RR Negócios & Finanças nº 3.860 – é apenas o pelo do coelho. O BNP Paribas estuda a venda de todas as suas operações no Brasil, que, além da financeira, incluem o Banco BGN, comprado a Queiroz Galvão em 2007. Segundo uma alta fonte da autoridade monetária, o BNP já teria comunicado ao Banco Central sua disposição de deixar o país. Há duas hipóteses sobre a mesa. Uma delas é a venda pura e simples do BNP Brasil, no qual estão pendurados os demais ativos. Outro caminho aventado pelos franceses é a negociação do controle vinculada a uma troca de ações, que permitiria ao BNP manter um pé no mercado brasileiro com uma participação minoritária em uma instituição financeira local. No entanto, no que depender do apetite dos bancos estatais, o destino do BNP Paribas no Brasil é a venda e ponto final. O BB está interessado na compra da Cetelem, conforme informou o RR na edição nº 3.860, mas a operação esbarra na intenção do BNP em vender seus ativos no país embrulhados em um só pacote. Candidato (quase) morto, candidato posto. Quem surge no cenário, com força redobrada é a Caixa Econômica Federal. Nas últimas duas semanas, teriam ocorrido dois encontros entre executivos da CEF e do BNP. Procurado pelo RR – Negócios & Finanças, o BNP Paribas Brasil informou, por meio de sua assessoria, que “sempre demonstrou seu amplo e consistente compromisso com o Brasil e tem projetos de investir ainda mais no país em diversas áreas.” O ativo que mais atiça o interesse da CEF é a processadora de cartões Aura, controlada pela Cetelem. A Caixa tem uma presença proporcionalmente modesta neste segmento se comparada a atuação dos grandes bancos privados e do próprio BB. Com a eventual aquisição do BNP Brasil e a incorporação da Aura, a CEF adicionará cerca de três milhões de clientes a sua base de cartões. Ampliará também sua carteira de consignados, principal negócio do BGN, e sua operação no crédito direto ao consumidor ? o ponto forte da Cetelem é a participação no capital do Banco Carrefour. A operação do BNP Paribas no Brasil jamais alcançou o patamar idealizado pelos franceses. Noves fora a associação com o Carrefour, a Cetelem não foi capaz de ampliar a capilaridade do grupo no varejo no ritmo esperado. O BGN, por sua vez, não decolou. O banco vem ampliando suas operações de empréstimo ? entre 2008 e 2009, a cifra pulou de R$ 900 milhões para R$ 1,5 bilhão. No entanto, este salto não teve efeito na última linha do balanço. No ano passado, o prejuízo ficou em torno de R$ 20 milhões. Além disso, o BNP não conseguiu potencializar a rede de atendimento do BGN para a venda de outros produtos financeiros.
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