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Afinal, o que Mantega tem contra a Vale?

  • 15/06/2010
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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem agido com desrespeito, oportunismo e perfídia em relação a  Vale e sua gestão. Mantega tem envenenado seus companheiros de Ministério e o próprio presidente Lula e usado a assessoria de comunicação que o acompanha desde o BNDES para vazar, insistentemente, comentários depreciativos em off the records. Dizia Yves Mamou, legendário editor do Le Monde, que o vazamento está para a democracia assim como a tortura está para a ditadura. Digamos que menos. Mas as incessantes campanhas difamatórias na mídia usadas como instrumento de Estado estão muito perto das piores práticas de manipulação do nazismo, facismo e stalinismo. Há quem diga que não se trata de vilania, mas vingança pura e simples. O ministro da Fazenda teria implicado com Roger Agnelli desde o afastamento do ex-presidente do BNDES, Demian Fiocca, seu protegido, da diretoria da Vale. Por uma outra versão, Mantega estaria pavimentando agora sua candidatura futura ao próprio cargo de presidente da companhia. Parece mais salutar acreditar apenas na sua falta de bom senso. A bola da vez são os aumentos dos preços do minério de ferro, que deveriam ser saudados como uma vitória e vêm sendo acusados de má fé cívica. A mesma Vale – que foi criticada por ter tido um resultado inferior, no ano passado, devido a  queda da demanda e dos preços em função da crise financeira – é agora atacada por tentar reverter seus números e voltar a performar positivamente. Os argumentos são toscos: o aumento do preço do minério (90% do volume são exportados) seria repassado em 100% para o preço do aluguel, que, que por sua vez, pressionaria o índice de preços – especialmente o cálculo do IGP-M. Acredite se quiser, o ministro, com outras palavras, disse isso. Guido Mantega é favorável a baixar alíquotas de importação – no caso do aço – e criar imposto sobre a exportação, no caso do minério de ferro. Bem, o que tem o minério exportado a ver com a carestia? Ao que se saiba, nove entre dez analistas renomados consideram que um dos problemas no horizonte da economia é o déficit de transações correntes, e nunca se viu ninguém combater essa disfunção nas contas externas com a redução do saldo da balança comercial. Mantega deve achar que a Vale só pode aumentar suas divisas com aumento do volume de exportações e não com reajuste de preços. Do lado do aço, o próprio Mantega fez campanha aberta para que as empresas, inclusive a Vale, investissem e migrassem para a siderurgia. O favorecimento a s importações reduz a competitividade, já que o mix de faturamento dessas empresas é decorrente da combinação dos preços do mercado interno e externo. Por obra e obsessiva atuação do ministro da Fazenda, a Vale tem sido bode expiatório em diversos momentos, curiosamente desde a saída de Fiocca. A demissão de três mil funcionários pela companhia no auge da crise do mercado de minério de ferro foi tratada como crime de lesa pátria por Mantega, que usou seus assessores para esticar o assunto no noticiário o quanto pode. Depois veio a obstinada intervenção no core business da companhia, que teria de virar siderúrgica, querendo ou não. É óbvio que o que está sendo feito tem motivações inconfessáveis. No mínimo, não se trata assim uma empresa privada.

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