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Governo
O núcleo central do governo está se irmanando para evitar um cataclisma: seu término antes do término. A reunião de ontem entre os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, Miriam Belchior (substituta temporária do ministro Rui Costa) e Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do BC, sinaliza que Lula cedeu aos apelos de recuar no comportamento do “Je suis la Loi, Je suis l’Etat; l’Etat c’est moi”. A ausência da ministra do Planejamento, Simone Tebet, e do vice-presidente, Geraldo Alckmin, foram circunstanciais, assim como, e principalmente, do próprio Rui Costa. Todos fazem parte dessa Távola Redonda. Os governos do Lula I e Lula II tinham um alto comando e as decisões mais cruciais eram tomadas em reuniões como a realizada ontem, para discutir as decisões do Conselho Monetário Nacional (CMN). A presença de Gabriel Galípolo no encontro, inclusive, sacramenta seu nome como futuro presidente do BC, e permite antever que as decisões da autoridade monetária serão fortalecidas com o consenso dos ministros chaves do governo e do Presidente da República. De acordo com levantamento em 2.040 veículos de imprensa, produzido a partir de ferramenta da Knewin, maior empresa de monitoramento de dados da América Latina, desde o início de seu mandato até ontem, os ataques de Lula à reputação de Roberto Campos Neto geraram 11.240 menções.
No modelo que se pretende adotar, o BC não seria politizado, mas, ao contrário, suas decisões e o próprio presidente da instituição seriam tonificadas. Lula seria o pivô do consenso. Se a estratégia pode ser olhada como uns revisão de comportamento, buscando mitigar a desconfiança do mercado e as quedas de popularidade e avaliação do governo, elas também responderiam a um componente, digamos assim, de ordem psicológica. Na efeméride das comemorações dos 30 anos do Plano Real, um dos fatores mais salientados foi a unanimidade de Fernando Henrique e os decisions makers do governo nas tomadas e anúncios das principais medidas de governo. Lula, que também foi tirar uma casquinha do Plano Real, com uma visita a FHC, é o contrário do ex-presidente. Lula cria um ambiente de governo versus governo. A dúvida que permanece, contudo, é se ele, bem ao estilo da sua atual versão, não transformará uma estratégia aparentemente correta, em um pastiche, voltando a falar pelos cotovelos contra as decisões tomadas no seu alto comando.
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