RR Destaques

RR Destaques – 05/02/2024

  • 5/02/2024
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Para além do discurso

Na reabertura dos trabalhos do Congresso o presidente da Câmara, Arthur Lira, finalmente mandou o recado que vinha sendo “costurado” nos bastidores. E adotou o tom mais duro desde o início de 2023, quando quase “derrubou” o novo desenho dos ministérios montado no início do governo Lula.

Não se pode subestimar o movimento de Lira, ainda mais somado à reafirmação, por Rodrigo Pacheco, das pautas voltadas ao STF, que não interessam ao governo.

Ao mesmo tempo, é preciso dar tempo para uma leitura mais precisa do que está em jogo. Lira quis gerar incômodo, claro. No entanto:

1) Precisava dar uma resposta às cobranças de deputados em função do corte no valor de emendas pelo governo e pela narrativa que vem sendo defendida, com certo sucesso, pelo PT e, bem mais discretamente, a própria Fazenda, que apontam excessos e usurpação de competência;

2) Foi esse o sentido essencial do recado, e não uma posição contrária a projetos quaisquer do Planalto. Assim como é esse o sentido de se vazar, seguidamente, pedidos pela “cabeça” de Alexandre Padilha.

Trata-se de uma disputa que vem sendo travada desde o início do governo e em relação a qual os dois lados disputam mais um round para ver qual o equilíbrio possível. Cada um puxando para o seu lado.

Há, nesse sentido, dois cabos de guerra paralelos: pelo varejo e pelas prerrogativas de cada Poder. Lira, por convicção e para se cacifar no ano em que sairá do cargo, tem que mostrar que não aceita que o Legislativo perca poder. E indicar que continuará ser ele o interlocutor, ainda que a corrida pela sua sucessão comece a ganhar corpo. Já Lula busca – e tem conseguido – restaurar ao menos parte da centralidade orçamentária que o Executivo vinha perdendo nos últimos anos.

Embute-se aí um sinal – forte – de risco para o governo, que tem uma longa agenda de projetos já no primeiro semestre? Sim. Mas, também, de que os pontos de atrito estão longe de serem tantos assim e que há margem de manobra.

Fora que a reação já era esperada e veio dentro do que o Planalto  imaginava – e calculava. Com a vantagem, até, de não ter como alvo, de cara, algum projeto específico para Haddad, o que pode acontecer em uma segunda etapa. Além de – pelo menos até o momento – ter incluído mensagens leves, quase protocolares, em relação ao STF, diante da cobrança da oposição quanto à operações recentes da PF.

Agora é observar para onde o Planalto se moverá e como se darão as primeiras ações concretas no Parlamento. Há lenha para gastar (seja recompondo emendas, seja usando “contrabandos” nas próprias obras do PAC como moeda de troca).

Os recados…do BC

Enquanto isso, o governo espera mais boas notícias com a divulgação da Ata do Copom, amanhã. Não que vá haver qualquer sinalização de corte mais rápido nos juros, mas a expectativa é de posições favoráveis ao trabalho fiscal do governo e ao menos alguma boa vontade quanto ao potencial de crescimento em 2024, que enfrenta bastante ceticismo do mercado diante de números pouco animadores para o fim de 2023.

Indicadores

Saem amanhã as Estatísticas Monetárias e de Crédito de dezembro (BC) e o IGP-DI de janeiro (FGV).

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