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Eram idos de 2013. Restava pouca areia na parte superior daquele primitivo instrumento de métrica do tempo, quando Roberto Setubal chacoalhou a ampulheta, interferiu no curso dos fatos e alterou a contagem regressiva para a sucessão no Itaú. Ao mudar o estatuto do banco e estender seu mandato na presidência até 2017, Setubal ganhou tempo para azeitar o modelo de transição, fatiando a gestão entre uma tríade de executivos. Passados dois anos, o banqueiro está mais para um ator de teatro do que um homem corroído pela incerteza. Que a dúvida persiga os demais acionistas e a família corporativa do Itaú. Perguntam eles: “Quem será o próximo Roberto Setubal?” O dilema não se refere propriamente à administração executiva. Os três copilotos sentados ao lado de Setubal -Marcio Schettini, nº 1 de tecnologia e operações, Marco Bonomi, responsável por varejo, seguros e cartões, e Candido Bracher, tutor das áreas de atacado e de gestão de fortunas -já estão carecas de conhecer o banco. A equação aberta não é a do Itaú do batente, mas, sim, a do Itaú institucional. Quem vai falar pelo banco? Quem terá contato com os principais stakeholders? Alguém vai se contentar com a opinião da troika ou do líder eleito, sem procurar saber o que o dono pensa? Até parece a reprise de um filme em preto e branco, no qual o operário se chamava José Carlos de Moraes Abreu, presidente contratado, e o banqueiro de quatro costados, Olavo Setubal. Essa é fácil! Ganha um VGBL do Itaú quem acertar o nome do novo Dr. Olavo na versão atualizada da história. O senso comum é que o presidente do Itaú a partir de 2017 atenderá pelo nome de Candido Bracher, Marcio Schettini ou Marco Bonomi. Os três são parte da solução, e também do problema. O que se diz no banco é que nenhum dos príncipes regentes tem o physique du rôle para assumir plenamente o papel que desde 1994 cabe ao quarto dos sete filhos do Dr. Olavo. Bonomi e Schettini são vistos como personagens de perfil essencialmente operacional -executivos na essência da palavra. O segundo, egresso do Unibanco, ainda carrega o estigma de não ser um Itaú puro-sangue. Bracher, por sua vez, também é um “cristão novo”, embora se saiba que a conversão de seu antigo banco se deu em condições distintas das do Unibanco -o BBA não foi incorporado pelo Itaú levando a pecha de “derrotado”. Além disso, também é dono, o que, na hora H, pode fazer toda a diferença. E o próprio Roberto Setubal? Nas raras vezes em que o assunto vem à tona e se discute as limitações de seu sucessor, a visão do engenheiro prevalece, de forma pragmática. Ele diz que tudo depende da prática. Tá bom! Nas salas onde realmente se decide o destino do banco, ninguém acredita que Setubal vá pescar trutas na Serra da Bocaina. A aposta é que ele continuará mandando do alto do Conselho de Administração. Os escolhidos serão títeres, nada muito diferente do que ocorre hoje; apenas uma mudança de fachada no organograma para que tudo continue como está. E a história, então, se repetirá sob forma de farsa. Com Dr. Olavo Setubal, uma vez barão sempre declaradamente barão. Com Roberto, um despiste: “Vou ser barão pela metade”. Ora, bem se sabe que isso não existe.
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