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Citi e HSBC encenam a volta dos que não foram

  • 22/04/2015
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Será a oportunidade pela qual o Citi tanto esperou ou uma piada de salão? A provável saída do HSBC do Brasil, tratada pela mídia internacional como fato consumado, põe sobre a mesa a possibilidade de o banco norte-americano sair do seu longevo estado de prostração, chacoalhar sua operação no país e, mais do que isso, justificar a sua permanência por estas bandas. A aquisição dos ativos do grupo inglês no país representaria a ressurreição do Citi no Brasil, recolocando-o numa posição que há tempos o banco não ocupa. É bem verdade que, por ora, a negociação é vista pelo andar de cima da banca nacional como uma hipótese que beira o surrealismo, algo como um conto de Gabriel Garcia Marquez num quadro de Salvador Dalí. Desprestígio gera desprestígio. Entre os grandes grupos financeiros internacionais presentes no Brasil, não há ninguém que seja visto por seus pares com tamanho descrédito e até mesmo uma boa dose de indiferença quanto a dupla anglo-americana. Há quem diga até que uma eventual venda das operações do HSBC no país para o Citi seria um negócio feito de zumbi para zumbi. Que seja, mas piorar, porém, é para lá de difícil. HSBC e Citi figuram entre os 12 maiores conglomerados financeiros do planeta, somando mais de US$ 4,4 trilhões em ativos. No mundo, portanto, qualquer negociação entre estes dois colossos seria tratada como uma final de Champions League. No Brasil, contudo, ambos são vistos como times de segunda divisão. O Citi, que um dia chegou a ter uma razoável presença no varejo bancário nacional, definha lentamente em praça pública. O banco, que lá fora nunca dorme, por aqui hiberna e perde importância relativa ano após ano. No início do século, os norte-americanos respondiam por 1,7% do total de ativos bancários no Brasil. Hoje, o tamanho da sua fatia não passa de 0,8% do bolo. Por sua vez, o HSBC também reúne uma série de insuficiências – não obstante ter o triplo do tamanho do Citi no país. Enquanto seus congêneres nadam de braçada e colhem lucros cada vez mais expressivos, os ingleses conseguiram a proeza de registrar um prejuízo de R$ 549 milhões no Brasil em 2014. Por essas e outras, hoje a imagem do HSBC no país é a de um banco pequeno, quase provinciano, o que, aliás, se reflete no baixo interesse da concorrência pelos seus ativos no mercado brasileiro. Apesar de todos os pesares, contra um e contra outro, quando o Citi terá uma chance como esta para alavancar sua posição no ranking bancário nacional? Com a aquisição do HSBC Brasil, os norte-americanos saltariam da marca de R$ 60 bilhões para quase R$ 230 bilhões em ativos no país. Significa dizer que a operação permitiria ao Citi ultrapassar, em um só sprint, Votorantim, Safra e BTG, consolidandose como o quarto maior banco privado do Brasil – atrás apenas de Itaú, Bradesco e Santander. Ao Citigroup o que não falta é capital para uma investida como essa. Até porque o eventual leilão pelos ativos do HSBC no país promete ser bem murcho. Além do mais, a operação teria um valor simbólico intangível, ao recolocar o Citi no game no maior mercado da América Latina. Se os norteamericanos não tomarem esse bonde que passa a  sua frente, aí o melhor mesmo seria imitar o HSBC e pegar o primeiro voo de volta para casa.

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