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Se Tarso Genro permanecer no Palácio Piratini, Marcos Molina, dono da Marfrig, já pode ir se preparando para quatro anos a pão e água no Rio Grande do Sul. Afinal, por que Genro teria boa vontade com o empresário diante dos problemas que ele tem lhe causado na reta final de campanha? A poucos dias das eleições, há um alvoroço entre as principais lideranças sindicais gaúchas. Elas trabalham com a informação de que a Marfrig prepara uma temporada de demissões no estado. Os cortes atingiriam notadamente as unidades de abate bovino de São Gabriel, Bagé e Alegrete. De acordo com informações encaminhadas pelos próprios sindicatos ao governo gaúcho, a carnificina pode chegar a mil demissões nas três cidades. Procurada pelo RR, a Marfrig não confirmou os cortes. Mas declarou que “tem mantido discussões com entidades e órgãos da administração pública no intuito de buscar alternativas que possam ajustar as condições mercadológicas enfrentadas no Rio Grande do Sul”. Nem é necessário Google Translate: vem demissão por aí. O caso mais grave é o da unidade de Alegrete. No início de agosto, a Marfrig anunciou a interrupção das atividades na planta de bovinos, onde trabalham quase 700 funcionários. Pressionada por autoridades locais e pelo próprio governo do estado, a empresa voltou atrás e se comprometeu a não fazer demissões na unidade. Só não disse até quando. Para os sindicalistas, a Marfrig apenas ganhou tempo. Eles estão convictos de que a guilhotina será acionada logo após as eleições e, desta vez, ainda mais afiada, estendendo- se a s cidades de São Gabriel e Bagé. Segundo o RR apurou, a companhia já teria, inclusive, um plano para aumentar os abates de bovinos em suas unidades no Centro-Oeste, como forma de compensar a redução das operações no Rio Grande do Sul. A questão dói na espinha dorsal da campanha de Tarso Genro. Seu principal adversário, José Ivo Sartori, vencedor do primeiro turno, tem batido firme contra as demissões na indústria gaúcha. No caso do Marfrig, a situação é ainda mais delicada para o governista Tarso Genro. A empresa, como se sabe, foi amplamente anabolizada por recursos públicos e só chegou aonde chegou graças ao apoio do BNDES – ainda hoje seu segundo maior acionista, com 19%. Pelo jeito, nem o cenário político é capaz de sensibilizar Marcos Molina. A Marfrig, ao que parece, decidiu empurrar para os funcionários a conta de seus seguidos equívocos estratégicos. Afinal, se a carne é fraca, a dos trabalhadores é muito mais. É bem verdade que a companhia vem reduzindo consideravelmente seus prejuízos em relação aos últimos dois anos. Mesmo assim, o buraco ainda é grande. No primeiro semestre, as perdas somaram R$ 150 milhões. A empresa caminha para fechar mais um ano no vermelho. Os prejuízos acumulados desde 2011 beiram os R$ 2 bilhões.
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