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Vale e Petrobras têm um encontro marcado no Atlântico

  • 29/07/2014
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Parafraseando Nelson Rodrigues, estava escrito há quase dois milhões de anos, desde que se formou o subsolo da costa brasileira, que um dia Vale e Petrobras se encontrariam nas profundezas do Atlântico Sul. Até prova em contrário, não há solução mais apropriada para deslanchar o projeto de exploração do chamado “présal da mineração”. Quem melhor do que a líder do mercado global de minério de ferro e a maior produtora de petróleo em águas profundas do mundo para extrair níquel, platina, cobalto até quatro quilômetros abaixo da superfície? Ainda há muito por imergir em um projeto com tamanha complexidade, mas os primeiros metros dessa expedição foram vencidos na semana passada, com a decisão da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (Isba). A entidade autorizou o Brasil a pesquisar e explorar jazidas minerais no fundo do mar, leia-se os nódulos polimetálicos – nome que se dá a  deposição de óxidos de ferro manganês e outros elementos no solo dos oceanos. O sinal verde do Isba era o estopim que faltava para dar a partida no projeto, conduzido no âmbito do Serviço Geológico do Brasil (CPRM). O passo mais importante é a definição dos responsáveis pelos primeiros trabalhos de pesquisa numa área de três mil quilômetros quadrados, a cerca de 1,5 mil quilômetros da costa brasileira. Neste caso, as cartas náuticas apontam para uma joint venture entre a Petrobras e a Vale. Vários fatores fazem das duas companhias candidatas mais do que naturais a conduzir esta empreitada. Ambas reúnem o mais gabaritado time de geólogos do país, além de dois centros de pesquisa de padrão mundial, o Cenpes e o Instituto Tecnológico Vale. A tecnologia usada pela estatal para a produção de petróleo em grandes profundidades, inclusive na própria camada do pré-sal, pode ser adaptada para a exploração de minérios, o que reduziria consideravelmente os custos da operação. Além da expertise em extração mineral, a Vale agregaria ao projeto toda a sua estrutura logística no Brasil e no exterior, vital para garantir o escoamento e a comercialização dos minerais produzidos. Há ainda um aspecto que não pode ser desprezado. No que diz respeito a  segurança nacional, nada melhor do que entregar o projeto a duas das maiores corporações brasileiras. Vide o exemplo dos Estados Unidos, onde grandes grupos locais da área de defesa, como a Lockheed Martin, participam da operação. Ainda não existem estudos conclusivos sobre o potencial mineral do subsolo marítimo brasileiro. Sabe-se, no entanto, que as reservas marítimas já conhecidas e mapeadas ocupam uma área equivalente a quase 40% do território nacional. Pesquisas preliminares já comprovaram a existência de quase duas dezenas de elementos, entre ferro, estanho, fósforo, cobre, entre outros. Para desbravar a “Amazônia Azul” – como esta província mineral é chamada pela própria Marinha – não poderia haver combinação melhor do que uma dobradinha entre Vale e Petrobras. O Brasil agradece.

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