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CSN surge como antídoto para o cartel do cimento

  • 14/03/2014
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Dois pensamentos assolaram Benjamin Steinbruch enquanto lia os jornais na manhã da última quarta-feira, misturando- se como se fosse uma única história. Divagava sobre o que diria seu pai, Mendel Steinbruch, em relação a  sucessão de eventos entrecruzados que se prenuncia: a saída do comando da CSN para assumir a presidência da Fiesp, os planos de marcar o calendário de 2014 com um investimento expressivo para o grupo e a ascensão ao papel de principal interlocutor da indústria com o governo. Enquanto cofiava seus cabelos cada vez mais ralos, refletia também sobre a imbricação da sua trajetória empresarial com a dos Ermírio de Moraes. Pensou na privatização da Vale, no seu ingresso no setor cimenteiro, nas pelejas pelo controle da Usiminas e outros desencontros menos marcantes. Agora, a decisão inédita do Cade de punir o Votorantim e os demais integrantes do cartel cimenteiro rebobina o filme e reinicia a saga. Benjamin Steinbruch surge como candidato natural a  compra dos ativos de produção de cimento e concreto que, por determinação do órgão antitruste, terão de ser vendidos pelos cinco maiores grupos do setor. Em jogo, uma fatia correspondente a quase 25% de todo o parque fabril do país – hoje em torno dos 80 milhões de toneladas. Benjamin Steinbruch está diante de uma oportunidade sem precedentes para alçar a CSN ao Olimpo do mercado cimenteiro. A empresa, que entrou no setor em 2009, produz cerca de 2,5 milhões de toneladas por ano. Na hipótese de a punição do Cade ser plenamente cumprida, a CSN poderia colocar para dentro, de uma só vez, cerca de 20 milhões de toneladas, superando, portanto, a marca de 22 milhões de toneladas. Neste caso, o grupo passaria a disputar com o próprio clã dos Ermírio de Moraes a liderança do setor. Se efetivamente o Votorantim tiver de se desfazer de 35% de sua capacidade instalada, como determinou o Cade, sua produção anual cairia de 32 milhões para algo perto de 21 milhões de toneladas. Em um exercício meramente hipotético, ainda que a condenação do órgão antitruste sofresse um deságio e fosse cumprida pela metade – leia-se a venda de aproximadamente 12,5% do parque cimenteiro nacional – a CSN poderia chegar aos 12 milhões de toneladas de capacidade instalada. Seria o suficiente para desalojar da vice-liderança do setor a Camargo Corrêa – essa é justamente a produção atual da companhia, sem contar com o facão do Cade. Uma conjunção de fatores faz de Benjamin Steinbruch o mais forte candidato a ser o algodão entre o Cade e o cartel do cimento, notadamente o Votorantim. A CSN é uma das empresas mais capitalizadas do país: tem em caixa mais de R$ 15 bilhões. A solução Benjamin permitiria também a fragmentação do cartel do cimento sem o risco de diluição do capital nacional no setor. Este, aliás, seria um argumento mais do que justificável para um apoio do BNDES a  operação de transferência dos ativos para a CSN. Por falar no banco de fomento, deve-se ressaltar ainda o excelente relacionamento de Benjamin Steinbruch com dois dos personagens mais poderosos da República: o presidente da instituição, Luciano Coutinho, e o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

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