Teuto é um laboratório áa‚  beira de um ataque de nervos

  • 31/10/2014
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A convivência entre os sócios do laboratório farmacêutico Teuto tem sido marcada por jogos de cena, blefes e uma boa dose de desconfiança mútua. A cada dia que passa, maior o clima de tensão entre a Pfizer e o empresário Marcelo Henriques. Os norte-americanos, donos de 40% da companhia desde 2010, têm até o dia 31 de dezembro para anunciar se exercem ou não a opção de compra do restante do capital. No fim do ano passado, a Pfizer chegou a sinalizar que divulgaria sua decisão em abril, portanto, oito meses antes do prazo final previsto em contrato. Puro despiste. A pouco mais de um mês do dead line, a multinacional mantém um enigmático silêncio. Ao mesmo tempo, para acirrar ainda mais os ânimos, estressa seu sócio, cobrando de Marcelo Henriques mais investimentos em tecnologia, na compra de máquinas e no desenvolvimento de medicamentos. Para os norte-americanos, o Teuto ainda não estaria enquadrado no “padrão Pfizer de qualidade”. Impossível dissociar os atritos na gestão da companhia com o impasse em torno da transferência do controle. Na visão do empresário, o grupo norte-americano estaria agindo com o deliberado interesse de pressionar uma renegociação das condições previstas em contrato. Pelo acordo fechado em 2010, caso queira ficar com os 60% restantes, a Pfizer terá de desembolsar o equivalente a 15 vezes o Ebitda do Teuto. Parecia algo razoável quando o contrato original foi fechado. No entanto, desde então, o Ebitda da companhia mais do que duplicou. Com isso, a valores de 2013, a operação pode chegar a R$ 1,5 bilhão. Proporcionalmente, é bem mais do que os norte- americanos pagaram pelos 40% do laboratório há quatro anos: algo em torno de R$ 400 milhões. Nada é o que parece ser. De parte a parte, os sócios parecem mais dispostos a embaralhar as cartas do que jogá-las a  mesa. Marcelo Henriques, não obstante a pressão dos norte-americanos, está numa situação razoavelmente confortável. Se a Pfizer não exercer a opção de compra, em janeiro de 2015, ele volta a ser o dono da bola. A partir de então, o empresário terá a opção de venda de sua parte no Teuto. Por força de contrato, a Pfizer não poderá recusar as ações caso Henriques decida abrir mão do ativo. Nesse quebra-cabeças de peças pontiagudas, faz sentido a obstinação da Pfizer em carregar a conta de investimentos do laboratório goiano. Seria uma forma de pressionar a geração de caixa e achatar o valor a ser pago pelo controle do Teuto. Seja agora em 2014, seja no próximo ano.

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