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Qual é o misterioso princípio ativo por trás da explosão de farmácias no Brasil?

  • 19/09/2024
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Há algo de estranho no reino das drogarias, um enigma que talvez só possa ser decifrado pelo Cade e pela Polícia Federal. O setor tem crescido que nem capim na serra. Mas não em qualquer serra. A gramínea está cada vez mais concentrada nas mãos de poucos. Segundo dados da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias), publicados pelo Valor Econômico no último dia 13 de agosto, as 29 empresas associadas à entidade deverão atingir a marca de R$ 100 bilhões em vendas neste ano.

Esse contingente reúne cerca de 10,3 mil das 92 mil drogarias do país, ou seja, algo como 11% de todos os pontos de venda. Dito assim, nem parece muito. Mas, à luz das cifras, o domínio desse grupo fica evidente. As mesmas 29 redes farmacêuticas respondem por mais de 45% do faturamento total do segmento, e suas lojas cobrem uma área que reúne em torno de 70% da população urbana brasileira.

Nas principais capitais do país, como São Paulo e Rio de Janeiro, o que se vê é um amontado de drogarias em um mesmo quarteirão ou em um trecho curto de uma única rua. Em diversos desses quadriláteros de esquinas, há uma farmácia em cada cruzamento. E não há um diferencial de preços que justifique uma competição entre uma e outra.

Chega a causar perplexidade que os grandes grupos estejam desafiando a lei da oferta e da procura. Alguns fatores justificariam esse monumental crescimento: hábitos higiênicos criados pela pandemia, crescimento da renda das famílias, taxa de emprego recorde, maior educação da população, aumento dos exames e envelhecimento da população, entre outros.

Mas sem competição? Sem disputa de preços? Bem, mesmo nesse estranho formigueiro de prosperidade, existe lugar para alguns derrotados. As redes Poupa Farma e Rede Santa Marta entraram em recuperação judicial. Esta última nem precisou esperara, pois já foi comprada pela Rede Nissei.

Mas esse talvez seja o menor dos males do setor. A moléstia maior é outra: há algo de miliciano no varejo farmacêutico no Brasil. Quem diz isso é uma fonte da Polícia Federal, que arrisca a colocar o dedo em uma ferida, ainda que as grandes empresas estejam cobertas pelo band-aid da legalidade.

Segundo ela, as atenções da PF estão, naturalmente, focadas nas outras 82 mil farmácias, um universo com imenso grau de pulverização. Trata-se de um terreno fértil para a abertura de empresas de fachada e lavagem de dinheiro. O RR não dá nome aos bois, mas só registra o que a fonte da PF informou: o assunto está sendo acompanhado de perto. Muito perto.

#Cade #Farmácia #Polícia Federal

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