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Lojistas do marketplace da Americanas buscam proteção na Justiça

  • 31/01/2023
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Além dos bancos e dos fornecedores, empresas de e-commerce que atuam no marketplace da Americanas também buscam mecanismos de proteção contra um eventual calote de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. Segundo o RR apurou, diversos sellers, como são chamados os lojistas parceiros, estão se mobilizando para entrar na Justiça contra a rede varejista. Esse grupo incluiria de pequenos e médios varejistas a grandes fabricantes de eletroeletrônicos que mantém lojas próprias hospedadas no Americanas.com, como LG e Samsung – esta última um dos fornecedores que mais têm apertado o cerco contra a companhia. O objetivo dos sellers é obter alguma medida cautelar que garanta o pagamento antecipado referente às vendas realizadas por meio do Americanas.com. Não é só. De acordo com a mesma fonte, paralelamente lojistas parceiros têm reduzido ou mesmo cancelado a oferta de produtos no site da varejista. Ou seja: na prática, estão brecando novas vendas de mercadorias por meio da plataforma de e-commerce. 

Entre os sellers, há um crescente temor de que a rede varejista dos “Lemann Brothers” não honre os pagamentos aos vendedores que coabitam a Americanas.com. Hoje, todas as vendas realizadas por meio da plataforma de e-commerce são faturadas pela própria Americanas, que retém as comissões previstas em contrato e posteriormente repassa o restante do valor aos parceiros. Em contato com o RR, a Americanas assegurou que “mantém o fluxo normal de repasse em seu marketplace e realizou normalmente na data de 16/01 o pagamento aos sellers. As operações seguem da mesma forma, tanto para pequenos parceiros, como para indústrias que usam a plataforma da companhia”. A questão é: até quando a rede varejista seguirá com o “fluxo normal”? Desde o estouro da fraude contábil, a Americanas passou a viver um dia de cada vez, e o que vale para hoje pode não existir amanhã. A preocupação dos lojistas é que, mesmo com o pedido de recuperação judicial, credores consigam penhorar recebíveis da Americanas, afetando os pagamentos da rede varejista aos parceiros do marketplace. À boca miúda, segundo a fonte do RR, os sellers temem também que a empresa comece a reter deliberadamente repasses pelas vendas feitas no Americanas.com para cobrir pagamentos a outros credores com maior poder de pressão, notadamente os próprios bancos e fornecedores. Pode até ser excesso de paranoia, mas como tirar a razão dos varejistas? A essa altura, a credibilidade de Lemann, Telles e Sicupira está no chão.  

A grave crise da Americanas ameaça levar de arrasto um enorme ecossistema de parceiros no marketplace. Ao todo, a Americanas.com soma quase 150 mil sellers – em sua maioria, pequenos e médios varejistas com baixo fôlego financeiro. Para piorar, o escândalo contábil estourou justo em um momento que a relação entre a companhia e os parceiros lojistas já enfrentava alguns solavancos. Segundo o RR apurou, em 1º de janeiro deste ano – coincidentemente poucos dias antes da fraude da Americanas vir a público -, a rede varejista aumentou a taxa de comissão cobrada dos sellers. Em alguns segmentos, como o de higiene, a derrama passou de 12% para 17%. Naquele momento, acionistas e dirigentes da Americanas já sabiam que iriam precisar de receita nova para cobrir seu enorme rombo contábil. 

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