Aché produz anticorpos contra atritos societários

  • 13/11/2013
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 Governança corporativa? Harmonia societária? Estratégia de longo prazo? Ao que parece, estes são artigos absolutamente supérfluos para o Aché, um dos maiores laboratórios farmacêuticos do país. Por uma lógica tortuosa, quase uma perversão, quanto mais os controladores divergem em relação a  gestão e ao próprio futuro do negócio melhores têm sido os resultados da companhia. O litígio entre as famílias Depieri, Baptista e Syaulis, alimentado pelo “vende, não vende” que se arrasta há mais de um ano, ganhou novos capítulos nas últimas semanas. A Pfizer teria feito uma nova investida para comprar o Aché.  Procurado pelo RR, o Aché negou a venda do controle. No entanto, segundo fonte próxima a  Pfizer, os norte-americanos estariam dispostos a desembolsar cerca de R$ 10 bilhões. Não obstante a concordância dos acionistas integrantes da família Baptista, as conversas teriam esbarrado nos Depieri e nos Syaulis. Os dois clãs seguem exigindo um valor equivalente a 25 vezes o Ebitda, algo próximo dos R$ 15 bilhões – ainda que, até o momento, não tenha aparecido qualquer candidato disposto a pagar este dote. A nova recusa teria azedado ainda mais o relacionamento entre as três famílias, protagonistas de um histórico de conflitos e desencontros que se intensificaram nos últimos três anos. Nesse período, os controladores do Aché concordaram em realizar o IPO da companhia, para depois discordarem; articularam um projeto de expansão mediante a compra de ativos, para depois se desarticularem; e acertaram a venda da empresa, para depois se desacertarem. Hoje, o clima entre os acionistas do Aché é de cada um por si. Tanto que, volta e meia, as três famílias se movimentam em busca de parceiros na tentativa de uma comprar a parte das outras na companhia. Apesar do predominante estado de dissonância societária, o laboratório insiste em rechaçar o adágio popular de que “onde não há pão, ninguém tem razão”. As três famílias do Aché podem até não dividir o café da manhã, mas a mesa está cada vez mais farta. Neste ano, o laboratório deve romper a marca de R$ 2 bilhões em receita, o que representará um aumento de quase 25% em relação a 2012. No ano passado, a empresa teve um lucro de R$ 422 milhões, 11% a mais do que em 2011. Desse total, mais de R$ 350 milhões foram compartilhados entre os acionistas. Aliás, se existe algum ponto de convergência entre os sócios do laboratório é exatamente na política de remuneração. Nos últimos quatro anos, os Baptista, os Syaulis e os Depieri já embolsaram mais de R$ 1 bilhão em dividendos.

#Aché #Pfizer

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