O mal e o bem que Aécio faz a José Serra

  • 4/09/2013
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E procedente que José Serra fará o possível e o impossível nas próximas semanas para empurrar o PSDB em direção a s prévias. É improvável que, não ocorrendo as prévias – e elas não devem ocorrer -, Serra se contente com uma vaga de candidato a senador tucano. É verdadeiro que o ex-governador de São Paulo não acredita nas prévias, sabe que sua candidatura pelo PSDB a  sucessão de Dilma já foi implodida e considera o convite para disputar uma vaga ao Senado um cala-boca por serviços prestados. É plausível que Serra tenha somente um quinto do PSDB de São Paulo, mas ache que pode dividir o partido no estado. É indiscutível que o sentimento nutrido por José Serra em relação ao seu adversário no PSDB está acima do rancor. É sabido por todos que Aécio jogou sal na candidatura de José Serra em 2010, quando ele concorreu a  Presidência contra Dilma Rousseff. É questionável que Aécio seja um inimigo mais cruel do que Serra, o que parece inimaginável. É notório que Aécio se comporta como um franco sabotador das atuais pretensões políticas do rival, empenhando-se em piorar sua imagem no PSDB e junto a  opinião pública de forma pior do que o próprio Serra imagina. É pouco crível que reste a Serra somente se ausentar da política e voltar a escrever um livro com a professora Maria da Conceição Tavares, atazanar os alunos na Unicamp ou criar um instituto de autoidolatria, como fez FHC. É afirmativo que Serra deixará uma porta aberta no PPS até os 45 minutos do segundo tempo, ou seja, o próximo mês de outubro, prazo limite para a mudança de partido. É curioso que Serra, tucano de carteirinha, tenha gostado de ouvir de Roberto Freire que o PPS é o único que pode redimi-lo junto aos segmentos progressistas, trazendo-o de novo para suas raízes programáticas e aproximando-o de uma esquerda moderna. É tiro certo que, candidatando- se pelo PPS, um partido nanico, Serra teria um horário televisivo reduzido. Mas ele pensa em compensar esta desvantagem com o recall três ou quatro vezes superior ao de Aécio, fora o fato de que se considera um melhor gerador de mídia espontânea. É cristalino que, mesmo sendo um obsessivo e não admitindo a perda da eleição presidencial a partir do momento em que sacramente sua candidatura, o foco é atropelar Aécio. A segunda e a terceira prioridades também são atropelar Aécio. É óbvio que uma candidatura Serra pelo PPS fraciona a disputa eleitoral, em detrimento do PSDB e favoravelmente a Dilma. É bastante insólito que, dependendo do seu discurso de campanha no PPS e a julgar pela decisão de apoio no segundo turno das eleições, o antigo “vampiro do PSDB” possa vir a se aproximar do governo do PT. É esquisito, mas longe do impossível, que, passado o último baile da política, Serra volte a dar sua contribuição ao debate econômico na planície, mas não mais tão distante do Planalto. Pelo menos do Planalto do PT.

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