Iberdrola avança em geração e deixa Previ no escuro

  • 27/08/2013
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A Iberdrola parece seguir a máxima de que melhor do que fazer um grande negócio é fazer um grande negócio e aborrecer tremendamente seu adversário. Ainda que o adversário seja o próprio sócio. Os espanhóis preparam uma mudança estratégica capaz de ampliar o potencial de financiamento dos seus projetos em geração e, de quebra, atazanar a vida da Previ – um dos seus esportes preferidos no Brasil. O grupo pretende concentrar na Elektro a maior parte dos seus investimentos em produção de energia no país, hoje pendurados na NeoEnergia – também controlada pelos ibéricos. A decisão se justifica pela possibilidade de atração de um sócio para a distribuidora paulista, com quem os espanhóis passariam a dividir a conta dos aportes em geração. A intenção da Iberdrola é vender até 49% da Elektro, operação que garantiria parte expressiva do funding para os futuros empreendimentos. No total, os investimentos do grupo em geração no Brasil giram em torno de US$ 2 bilhões até 2016. A maior parte deste valor se refere a projetos de energia renovável. A cifra, portanto, não contempla os grandes projetos de hidroeletricidade na Amazônia, como a usina de Belo Monte. Para o deleite dos espanhóis, este movimento promete acirrar ainda mais sua faíscante relação com a Previ. O redesenho estratégico da Iberdrola bate diretamente na empresa e nos interesses do fundo de pensão. Isso porque a medida envolveria o remanejamento de projetos e de recursos originalmente alocados na NeoEnergia. Para os espanhóis, a diferença é pouca. Eles apenas estão tirando de uma das mãos para colocar na outra. No caso da Previ, dona de 22% da Neo- Energia, o choque é grande, uma vez que a medida significará o enfraquecimento da NeoEnergia. Ainda que por vias oblíquas, é como se os espanhóis estivessem dando o troco, com juros e correção monetária, pela derrota no último round disputado contra a Previ. Recentemente, a fundação se recusou a reformular o acordo de acionistas da NeoEnergia – ver RR nº 4.627. Os espanhóis tentaram impor mudanças que fortaleceriam sua posição de mando, por tabela enfraquecendo a posição da Previ. Procurada pelo RR, a Iberdrola não se pronunciou.

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