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Amianto faz mal Á  saúde financeira da Brasilit

  • 19/03/2013
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Os dirigentes da Brasilit caminham, descalços, sob um teto de zinco incandescente. O ambiente na empresa é cada vez mais carregado. Nas últimas semanas, a Saint Gobain, controladora da empresa, ligou sua máquina de moer executivos. Em pouco mais de dez dias, os franceses promoveram três mudanças no alto comando da companhia, mais precisamente nas diretorias de operações, marketing e comercial. O eleito para este último cargo, Marcelo Roffe, assumiu também a direção geral da Brasilit. No entanto, segundo fontes ligadas a  Saint Gobain, um executivo francês já estaria de malas prontas para desembarcar no Brasil e assumir um cargo acima de Roffe. Simultaneamente, a Saint Gobain está reavaliando o plano de investimentos da fabricante de telhas e caixas d’água, que, originalmente, previa aportes da ordem de R$ 100 milhões até 2015 – a maior parte na expansão das fábricas de Recife e Capivari (SP). Procurada, a Brasilit não quis se pronunciar sobre as mudanças na gestão e sobre seus investimentos. A Brasilit vive uma situação extremamente peculiar. Neste momento, talvez não exista uma empresa brasileira que dependa tanto de uma decisão da Justiça quanto ela. Todos os seus olhares estão voltados para o julgamento no Supremo sobre a utilização de amianto no Brasil. No início dos anos 2000, a empresa decidiu banir o mineral de seus produtos. Desde então, despencou do telhado na comparação com sua arquirrival, a Eternit – sócia de carteirinha do “clube do amianto”. No mês passado, o market share da Brasilit rompeu seu piso histórico, ficando abaixo dos 18%, contra 32% de sua concorrente – há uma década, ambas disputavam a liderança do setor, cabeça a cabeça, com cerca de 25% de participação. Na ponta do lápis, a queda de share significou uma perda de receita da ordem de R$ 200 milhões por ano. O placar da última década, portanto, é favorável a  Eternit. Além do aumento de market share, a empresa naturalmente habituou-se a operar com um nível de rentabilidade maior por conta dos custos amortizados e de suas vastas reservas de amianto no país. Já a Brasilit se viu obrigada a reduzir suas margens de lucro ? notadamente no ano passado, com o freio no crédito ao consumo e seu impacto. No entanto, a controlada da Saint Gobain pode protagonizar uma virada corporativa histórica. Se o Supremo se decidir pela proibição do uso do amianto no país, por conta de seus eventuais riscos cancerígenos, os franceses é que vão rir por último. A Eternit terá de se reinventar de ponta a  cabeça e gastar uma dinheirama para adequar suas fábricas a  utilização de novas matérias-primas, algo que a Brasilit já fez.

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