Acervo RR

Redução de tarifas é uma navalha nos fios de Suez e Duke

  • 3/12/2012
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É grande o frenesi nos escritórios da GDF Suez e da Duke Energy no Brasil. A proposta do governo de redução das tarifas de energia pôs um ponto de interrogação naquela que tem – ou tinha – tudo para ser uma das maiores operações de M&A no setor nos últimos anos. Há cerca de quatro meses, a GDF Suez está em negociações para a compra do controle da Geração Paranapanema, pertencente a  Duke Energy. Segundo uma fonte ligada ao grupo norte-americano, as cifras sobre a mesa orbitam em torno dos R$ 6 bilhões. A Duke detém praticamente a totalidade das ações da geradora paulista – apenas 5,72% do capital total são negociados em Bolsa. O RR apurou que a intenção das duas partes era sacramentar o acordo ainda neste ano – o processo de due diligence teria sido concluído há cerca de um mês. Agora, no entanto, com a decisão do governo, o negócio está envolto em brumas. A realidade mudou, e o timing da GDF Suez, também. Como não poderia deixar de ser, os executivos do grupo estão debruçados sobre os números da Geração Paranapanema refazendo todos os cálculos, na tentativa de aferir o impacto da redução das tarifas sobre a rentabilidade da empresa. A probabilidade de o negócio sair ainda em 2012 caiu consideravelmente. De acordo com a mesma fonte, o próprio Conselho da GDF Suez teria empurrado para janeiro ou fevereiro a reavaliação da operação a  luz dos novos números. Consultada, a Duke Energy disse “desconhecer a informação”. A Suez informou que “não comenta rumores de mercado”. O impasse em torno da Geração Paranapanema surgiu como um buraco negro na estratégia de expansão da GDF Suez no Brasil. Boa parte das fichas do grupo foi reservada para a aquisição da empresa. O que está em jogo é a liderança ainda mais folgada no ranking das geradoras privadas. Caso incorpore a companhia paulista, a GDF Suez aumentará sua capacidade instalada de seis mil para 8,3 mil megawatts. Deixará bem para trás a AES, segunda do setor, com pouco mais de 2,5 mil megawatts. Se a Suez quer esticar seus fios no Brasil, para a Duke Energy o negócio representará exatamente o caminho oposto. A eventual venda da Geração Paranapanema significará a saída dos norteamericanos do país. Já há algum tempo, o grupo analisa a possibilidade de venda da geradora, seu quinto maior ativo fora dos Estados Unidos. As constantes trocas de temperatura no ambiente regulatório no Brasil, vide a própria mudança de critérios para a renovação das concessões no setor elétrico, sempre foram mal vistas pelos norteamericanos. A necessidade de fazer caixa para compensar perdas em sua terra natal só uniu o útil ao necessário.

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