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Tempo de casa também é critério para expulsão na RBS

  • 15/08/2012
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Christiano Nygaard é um sujeito bacana, legal, boa praça e extremamente competente. Todas essas lisonjas não são excludentes do seu antigo trabalho na RBS. O estigma laboral hoje no grupo é ser gaúcho e ter um longo tempo de serviços prestados a  casa. Desde que Eduardo Sirotsky Melzer assumiu a presidência do conglomerado, vem sendo realizada uma varredura dos quadros herdados da gestão anterior. No caso de Nygaard, entretanto, a história foi um pouco diferente. Certo de que seu destino não seria diferente de outros diretores recentemente defenestrados, pediu demissão do cargo de diretorgeral de jornais do Rio Grande do Sul e foi buscar uma colocação no mercado. Por uma via oblíqua, Nygaard acabou fazendo a trajetória que Duda Melzer estimula aos seus novos comandados. Foi parar em São Paulo e com um tremendo upgrade. Assumiu a diretoria-geral de Mercado Leitor e Operações do Grupo Estado. Quem conhece Nygaard sabe que essa mudança de ares nunca esteve em seus planos. Ele tem Porto Alegre tatuada na alma. Por exemplo: seu pai é dono do Armazém Riograndense, o primeiro do gênero de comestíveis finos do estado. Sua saída da RBS, onde trabalhou por mais de duas décadas, deve ter doído muito. Mas não havia outro jeito. Na última festa de jubilação, que a RBS realiza tradicionalmente todo ano para homenagear os funcionários com mais tempo no grupo, a pedra foi cantada para todos. O evento marcou o anúncio da transição administrativa e da escolha de Melzer para a presidência. Para que não restassem dúvidas sobre o que estava por vir, o animadíssimo Luciano Huck, dublê de amigo de Duda e mestre de cerimônias da festa, não se cansava de repetir, em alto e bom som: “Agora, enfim, chegou a hora dos mais jovens”. Huck sabia muito bem do que estava falando. No lugar deixado por Nygaard, assumiu um executivo também da casa, Marcelo Rech. Entre tantas outras, foi alçado ao cargo com a credencial de ser mais jovem do que seu antecessor. Dentro da RBS, a percepção é de que o episódio Nygaard ainda está longe de ser o último. A cada um que cai, Duda se sente motivado a degolar mais dois.

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