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Camargo Corrêa sofre com um calo societário na Alpargatas

  • 8/03/2012
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Se houvesse uma premiação para o minoritário mais indesejado do Brasil, Silvio Tini seria hors concours. Depois de brecar a venda da Paranapanema para a Vale e promover um fuzuê na Vanguarda Agro, agora é a vez de o investidor pisar no calo da Camargo Corrêa. Habituado a transformar empresas em ringue, Tini se confronta com os herdeiros de Sebastião Camargo entre as cordas da Alpargatas, controlada pela família. Dono de 20% do capital ordinário da empresa e, indiretamente, de mais 4%, por meio da Bonsucex Holding, o investidor tem se articulado para brecar os planos de investimento da fabricante de calçados. Tini vem usando seu considerável poder de influência junto aos demais minoritários para arregimentar aliados e embarreirar o projeto da Camargo Corrêa de comprar ativos no exterior. Aos olhos da empreiteira, seu objetivo é preservar a farta política de dividendos da Alpargatas, algo que, no momento, não cabe na estratégia de seus controladores. A intenção do grupo é repetir na indústria calçadista o modelo de negócios feito no setor têxtil, com a consolidação de uma empresa com operações internacionais, caso da Tavex. A diferença é que, neste caso, a Camargo Corrêa não precisou cruzar pelo caminho com um minoritário conhecido pela truculência e destemor com que enfrenta peixes graúdos – que o diga a Previ no imbróglio da negociação da Paranapanema. Procurada, a Alpargatas não quis se pronunciar. O RR também tentou contato com Silvio Tini por meio da Bonsucex, mas o investidor não se manifestou até o fechamento desta edição. A Camargo Corrêa tem olhado ativos na área têxtil na Europa e na asia. No caso do mercado asiático, o comando do grupo estuda uma alternativa. A Alpargatas partiria para a construção de uma fábrica de calçados na China em parceria com investidores locais. Seja com a aquisição de empresas, seja com a instalação de uma planta industrial do zero, a entrada na asia é vista como estratégica pela empresa. Será uma forma de a Alpargatas ter acesso ao baixo custo de produção dos fabricantes chineses e, a partir da asia, exportar para outros países, inclusive o próprio Brasil.

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