Acervo RR

Murilo Mendes quer uma poltrona na licitação de aeroportos

  • 17/11/2011
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Murilo Mendes, por vezes, beira o surrealismo das poesias do poeta mineiro homônimo. Aos 85 anos, fora do jet set das construtoras nacionais e com notórias dificuldades de trânsito junto ao governo e aos fundos de pensão, o empreiteiro acredita que é possível recomeçar. Por recomeço, leia-se a investida no setor de concessões. A Mendes Junior planeja participar dos leilões de licitação de aeroportos no Brasil. Além da estratégia de diversificação de seus negócios, a companhia enxerga a operação como um fermento para a sua própria atuação na construção civil. Uma vez aninhada na gestão de aeroportos, a Mendes Junior pretende garantir contratos para a reforma ou construção de terminais. A empreiteira olha com especial interesse para o seu quintal, leia-se a privatização do aeroporto de Confins. Mira também em terminais do Nordeste, notadamente nas cidades-sedes de jogos da Copa do Mundo. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas nuvens carregadas separam Murilo Mendes do setor aeroportuário. Segundo um executivo da própria empreiteira ouvido pelo RR, sempre que o assunto é discutido nas reuniões de diretoria, a maior parte do tempo é gasta para tratar dos óbices a  operação. O principal deles é a limitação financeira da Mendes Junior vis-a -vis as grandes construtoras interessadíssimas no novo negócio, a começar por Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. Os dirigentes da Mendes Junior vislumbram dificuldades até mesmo para a composição de consórcios. Seja pelo porte de sua empresa, seja pelas suas idiossincrasias atávicas – pingando-se ainda nesta alquimia algumas gotas de reservas por conta de sua idade -, Murilo Mendes é visto por seus congêneres como carta quase fora do baralho. Também está longe de ser uma figurinha carimbada no álbum de parceiros preferenciais dos fundos de pensão, caminho quase que obrigatório para os grupos que entrarão nas concessões aeroportuárias. Vide, por exemplo, a turbulenta relação com os sócios na usina de Belo Monte. A Mendes Junior e outras empreiteiras menos votadas foram pressionadas por Previ, Petros e Funcef a reduzir sua participação no consórcio. Diante deste cenário, a saída aventada pela Mendes Junior é pegar carona com grupos internacionais. Na era do Google, difícil vai ser encontrar um investidor que desconheça a fama de Murilo Mendes.

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