Acervo RR

Starbucks é o segundo prato da -Lemann Foods-

  • 14/11/2011
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Ao contrário do que dizia o velho Marx, a s vezes a história se repete, e não necessariamente sob a forma de farsa. A compra do Burger King foi apenas o hors d?oeuvre – ainda que dos mais calóricos. Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles pretendem transformar a aquisição da rede de fast food em ponto de partida para a montagem de um sortido cardápio de ativos no setor. Guardadas as devidas proporções, trata-se de um modelo de consolidação similar ao adotado pela tríade em alguns dos seus mais emblemáticos negócios. Foi assim com a Brahma, embrião da AmBev, e com a Americanas, onde estão penduradas diversas operações no comércio eletrônico. A ideia é enfeixar sob uma mesma holding outras marcas do varejo de alimentos, criando uma espécie de -Lemann Foods-. O modelo seguirá a mesma receita do Burger King, ou seja, a compra do controle global de empresas do setor. De acordo com a fonte do RR, que costuma acompanhar com microscópio cada passo de Lemann, Sicupira e Telles, o trio já está mapeando possibilidades de aquisição nos Estados Unidos, sede das grandes redes mundiais de fast food. Segundo a mesma fonte, neste momento quem mais desperta o apetite dos ex-Garantia é a Starbucks. Lemann e cia. enxergam enorme complementaridade entre a empresa e o Burger King. O trio vislumbra a possibilidade de misturar estes ingredientes na mesma cozinha e potencializar as sinergias entre as duas redes. Um quiosque da Starbucks dentro de uma lanchonete do Burger King, por exemplo, seria uma simbiose perfeita – as duas bandeiras se alimentariam mutuamente. Ao colocar ambas as companhias sob um só guarda- chuva, Lemann, Sicupira e Telles criariam um dos mais calóricos grupo do varejo de alimentos em todo o mundo. Juntos, Burger King e Starbucks somam mais de 29 mil lojas e um faturamento anual na casa dos US$ 13 bilhões. Uma eventual investida sobre a Starbucks exigirá da 3G, empresa que reúne os investimentos de Lemann, Sicupira e Telles, um esforço financeiro maior do que foi feito na aquisição do Burger King – US$ 3,2 bilhões. Embora o número de lojas não seja tão díspare – 17 mil da Starbucks, contra 12 mil do Burger King – o faturamento da rede de cafeterias é três vezes maior. A compra dependeria ainda de um acordo com Howard Schultz. O dono da Starbucks é visto nos Estados Unidos como um empresário duro de roer em qualquer negociação, mas, até aí, empatou com Lemann. Além do mais, olhando-se para o currículo do fundador do Garantia, isso não chega a ser um problema. Quando a AmBev associou-se a  Interbrew, a cervejaria belga era maior em diversos critérios – faturamento, valor de mercado e produção. No caso do Brasil, a compra da Starbucks valeria nem tanto pelo número de lojas, que somadas as 144 da Burger King chegaria a 172, mas principalmente pela qualidade dos pontos da rede de cafeteria, concentradas em shoppings e ruas de alto consumo, localizadas em São Paulo e Rio de Janeiro. Vale também que o a Starbucks está em negociação ou tem pré-contratos fechados de, pelo menos, mais 20 pontos nobres. De posse de rede tão extensa, a 3G conseguiria reduzir custos operacionais e usar as duas marcas para atrair negócios entre si, nos moldes do que tem feito o principal concorrente, McDonald?s, que lançou o McCafé, maior do que a Starbucks.

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