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ADM e Antonio Cabrera enfrentam divórcio litigioso

  • 5/07/2011
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Deu praga nos canaviais da gigante norte-americana Archer Daniel Midland (ADM) no Brasil. O litígio com o antigo sócio no país, o ex-ministro da Agricultura, Antonio Cabrera, está se espalhando feito uma nuvem de gafanhotos. O pedido de arbitragem a  Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC) para a definição do valor de venda dos 51% de Cabrera na usina Limeira do Oeste, em Minas Gerais, é apenas a ponta do iceberg. Outros fatores prometem derramar hectolitros de álcool no inflamável contencioso. Mesmo com a venda de sua participação na usina, Cabrera estaria disposto a entrar com um pedido de indenização contra a ADM. A alegação é que os norte-americanos teriam agido com o deliberado intuito de depreciar o valor do ativo e, consequentemente, comprar as ações do ex-ministro na bacia das almas. A multinacional teria propositadamente postergado investimentos na usina Limeira do Oeste, postura que acabou sendo determinante para a execução incompleta do projeto. O plano original previa o início da produção de açúcar no ano passado, mas, sem os recursos dos norte-americanos, apenas a unidade de etanol saiu do papel. Além disso, em meio aos desentendimentos com Cabrera, a ADM abriu negociações com candidatos a  compra de sua participação na usina mineira a  revelia do então sócio. A Cosan e a indiana Shree Renuka estariam entre as empresas que mantiveram contatos com o grupo na ocasião. Para o exministro da Agricultura, os norte-americanos teriam agido desta maneira apenas com a finalidade de reduzir o valor da fábrica de Limeira do Oeste, aceitando ofertas bem abaixo do real preço de mercado. Por trás desta ardilosa manobra, a ADM usaria as propostas recebidas como instrumento de pressão para comprar a participação de Cabrera a cifras bem magrinhas. No fim do ano passado, os norte-americanos chegaram a apresentar uma oferta avaliada com base na capacidade de refino da usina. O preço giraria em torno de US$ 120 por tonelada. Poucas semanas, no entanto, a ADM voltou atrás e teria aparecido com um preço bastante inferior, baseando-se nas ofertas que supostamente recebeu por sua participação. Outra questão que deverá elevar ainda mais a fervura no litígio entre a ADM e Antonio Cabrera é o projeto de construção da usina de Jataí (GO), que sequer saiu da prancheta. O acordo original entre as partes previa a instalação de uma unidade com capacidade para moer 3,5 milhões de toneladas de cana por ano. No entanto, os norte-americanos também empurraram o investimento com a barriga e já sinalizaram que não querem ficar com o empreendimento. Mais uma vez, Cabrera deve entrar com um pedido de indenização. O ex-ministro tirou recursos do próprio bolso para custear os estudos de viabilidade para a construção da usina em Goiás. Também chegou a se empenhar pessoalmente com produtores locais para garantir o fornecimento de cana, o que lhe valeu um enorme desgaste por conta da suspensão do projeto.

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