Acervo RR

Vale do futuro se pinta de verde

  • 28/09/2010
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Os olhos do presidente da Vale, Roger Agnelli, brilham como dois cristais de rutilo quando a palavra energia soa no seu gabinete. Ele acha que a companhia é inalcançável quando se trata de minério de ferro. E não tem dúvida quanto a  liderança futura no níquel. Mas a Vale do porvir arde, queima, venta, esquenta, ilumina, tudo isso sem poluir. A estratégia da companhia é criar uma empresa de energia limpa, com uma diversidade de fontes como gás natural, biodiesel, energia eólica e até solar. Amalgamando essas frentes estaria o Instituto de Tecnologia da Vale (ITV) ? uma espécie de Massachusetts Institute of Technology em tamanho caçula. O ITV trabalha para agregar valor e reduzir cada vez mais os efeitos climáticos e nocivos ao meio ambiente. A Vale tem motivos de sobra para apostar um cacife alto no setor. A mesma China que faz a alegria no minério de ferro é a China que demandará, crescentemente, energia limpa no futuro. Não que a China vá importar sol e vento, por exemplo. Mas o Brasil pode e deve importar as empresas chinesas. A Vale já é embaixadora natural por aquelas plagas. Vai preparar o caminho para que a escolha seja natural. A lógica é oferecer mercado interno e energia boa para o país que lidera o ranking da poluição. Agnelli não estipula um prazo para que essa nova Vale seja erguida. Ela é constituída de fragmentos e juntá-los tem um tempo incerto. A empresa já tem um pé no gás natural. Tem também biodiesel. Começa a tatear na energia eólica. A energia solar virá mais a  frente. O certo é que um gigante corporativo da energia limpa em parceria geoeconômica com a China teria não só um valor estratégico espetacular, como um valor de mercado assombroso. O presidente da Vale se sente orgulhoso de ter ajudado a esculpir esse monumento. Sob sua condução, a companhia fincou raízes nas áreas de petróleo e gás. Mas o objetivo principal é mesmo a exploração deste último. Hoje a empresa já usa o insumo em seu trem biocombustível flex, que utiliza a mistura de gás natural e diesel. Com o uso de gás natural nas locomotivas, a Vale vai evitar a emissão de CO2 equivalente ou superior ao que deixou de ser emitido por toda a companhia com o uso das misturas de biodiesel B2 e B3 em 2008 em caminhões, locomotivas e na geração elétrica. Na área de biodiesel, a Vale participa de um consórcio com a Biopalma da Amazônia para produzir óleo de palma, a partir de 2014. O empreendimento abrange uma área de 130 mil hectares, correspondendo a 49 mil campos de futebol da dimensão do Maracanã. É a economia da fotossíntese, fala baixinho Roger Agnelli. Segundo ele, a Vale também terá o seu pré-sal, só que limpo, limpíssimo.

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