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Caixa Econômica gira as turbinas da energia eólica

  • 1/06/2010
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O governo Lula vai soprar uma nova lufada de recursos em mais uma tentativa de impulsionar a produção de energia eólica, que até o momento não passa de uma brisa no parque gerador nacional. O pulmão da vez é a Caixa Econômica Federal, que se tornará sócia de projetos no setor. Os investimentos serão feitos com recursos do FGTS, por meio do fundo FI-FGTS, administrado pela própria CEF. A primeira tranche deverá somar aproximadamente R$ 600 milhões. O FI-FGTS terá participação de até 49% nos empreendimentos selecionados. Uma proxy desta operação ocorreu em março, quando o fundo desembolsou quase R$ 500 milhões para ficar com 45% da Energimp, braço de energia renovável do grupo argentino Impsa. Os ventos batem contra a expansão do parque eólico no Brasil. No Ministério de Minas e Energia e na Casa Civil, o segmento é visto como o grande fracasso dentro do fracasso chamado Proinfa. Entre os empreendimentos selecionados no âmbito do programa nos últimos seis anos, 16 não saíram do papel. Todos, sem exceção, são usinas eólicas cujas obras nem sequer começaram. Segundo mapeamento do Ministério de Minas de Energia, os projetos neste segmento já anunciados no país somam quase R$ 9 bilhões em investimentos para os próximos três anos, com uma geração em torno de 1.800 MW. Estes números, no entanto, são vistos com descrédito pelo próprio governo. A aposta no Ministério de Minas e Energia é que a maioria destas usinas ficará apenas no escaninho das boas intenções, pelas notórias dificuldades na obtenção das licenças ambientais, por falta de financiamento e, sobretudo, pelas dúvidas em relação a  viabilidade econômica que ainda cerca os empreendimentos. O leilão de usinas eólicas promovido pela Aneel no fim do ano passado foi saudado pelo governo devido ao deságio de 21% em relação ao preço-teto fixado para a tarifa de energia. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas os próprios investidores que participaram do leilão estão hesitantes quanto a  possibilidade de o negócio ser rentável com este valor. Está certo que dinheiro chama confiança, mas o grande desafio do governo não é apenas aumentar o financiamento ao setor, mas dissipar essa nuvem de descrédito que ainda cerca a produção de energia eólica no país. Por isso, a Caixa Econômica pretende também fomentar a montagem de uma estrutura industrial no Brasil que dê suporte a  expansão do parque eólico nacional. O projeto passa pela instalação de uma fábrica de equipamentos para o setor e outra para a construção de torres de geração eólica. Este “polo industrial dos ventos” está orçado em aproximadamente R$ 1,5 bilhão, valor considerado pequeno pelo governo vis-a -vis o impulso que o projeto poderá dar a  implantação de parques eólicos no país. A Caixa procura parceiros privados para a operação. Um dos candidatos é a Siemens, que entraria não apenas na montagem desse backoffice industrial, mas também como sócia de usinas. Empresas chinesas, interessadas em montar uma cabeça de ponte para a venda de equipamentos de energia no país, também são vistas no governo como potenciais parceiras da operação.

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