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Nike, Adidas e Alpargatas lideram diáspora na indústria calçadista

  • 14/06/2010
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Milton Cardoso, que veste o duplo figurino de nº 1 da Vulcabrás e presidente da Associação da Indústria Brasileira de Calçados (Abicalçados), é hoje o executivo mais querido do setor. E o mais odiado, também. Cardoso está no centro de um acirrado duelo envolvendo os grandes fabricantes de calçados do país. A disputa gira em torno da decisão da Camex, que estabeleceu uma sobretaxa para tênis, sapatos e congêneres importados da China. A barreira alfandegária deve ser creditada na conta de Cardoso, que comandou uma operação de lobby tamanho 45 junto ao governo. Fabricantes de pequeno e médio porte, pisados pela concorrência chinesa, agradecem. No entanto, Cardoso despertou a fúria de grandes empresas do setor. Contrárias a  criação da sobretaxa, Adidas, Nike e São Paulo Alpargatas, leia-se Camargo Corrêa, estão tentando defenestrar o executivo do comando da Abicalçados. Fortalecido, Cardoso dá de ombros, no melhor estilo “os incomodados que se mudem”. E talvez se mudem mesmo. Adidas, Nike e São Paulo Alpargatas estão se aninhando na Associação Brasileira de Mercado Esportivo (Abramesp). O trio tem usado a placa da entidade para organizar um contra-lobby, com o objetivo de convencer o governo a rever sua decisão ou, pelo menos, reduzir a alíquota imposta aos calçados chineses. No limite, querem que o novo imposto seja aplicado de forma seletiva e gradativa. Paralelamente, a tríade calçadista arquiteta uma diáspora no setor. Com a finalidade de enfraquecer o poder de Milton Cardoso e da Abicalçados, tenta arrastar outros associados para a Abramesp. Adidas, Nike e São Paulo Alpargatas argumentam que a sobretaxa de US$ 13,85 o par fixada pela Camex inviabilizará a importação de tênis de alta tecnologia que, em sua maioria, são produzidos na China. As três empresas internalizam aproximadamente cinco milhões de pares por ano. Este número representa 40% das suas vendas no país. A justificativa do trio é que a decisão da Camex favorece empresas nacionais que comercializam calçados de menor valor agregado. Coincidência ou não, é o caso da própria Vulcabrás, coincidência ou não comandada por Cardoso, coincidência ou não, entre os grandes executivos do setor um dos poucos que trabalharam a favor da sobretaxa. Não por acaso, os desafetos do executivo já apelidaram a entidade setorial de “Abicalçado”, no singular. Para muitos, os interesses defendidos pela instituição cabem apenas no pé da Vulcabrás.

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