Petrobras luta contra a Petrobras na venda da Gaspetro

  • 18/06/2015
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A Petrobras garante que fará tudo para negociar a Gaspetro, dentro do seu programa de desmobilização de ativos. Mas, seja por inércia, seja pela falta de cacoete vendedor, a estatal avança na direção contrária dos seus planos. Ainda que por vias indiretas, a Petrobras tem sido a principal adversária da Petrobras na negociação de até 49% da Gaspetro, dona de participações em 19 distribuidoras de gás. O motivo são as recentes medidas adotadas pela própria companhia, que afetam a rentabilidade das concessionárias e, consequentemente, desestimulam os investimentos no setor. Em maio, a estatal anunciou o segundo aumento dos preços do gás em um intervalo de apenas dois meses, achatando ainda mais as margens de lucro das distribuidoras. Quase que simultaneamente, anunciou o corte de outro importante benefício para as empresas do segmento. Até o fim do ano, estará extinta a chamada Nova Política de Preços (NPP), que concedia, desde 2011, 36% de desconto sobre o preço do produto fornecido a s distribuidoras. Mais uma pancada na contabilidade dessas empresas. A Abegás, que reúne as distribuidoras, já entrou com uma representação contra a Petrobras no Cade, alegando que a extinção da NPP configura abuso de poder econômico. No setor, também já se dá como certa uma briga na Justiça pela manutenção dos descontos. A Petrobras, aliás, já enfrenta uma enxurrada de ações movidas por concessionárias de estados onde a própria companhia tem termelétricas, refinarias e fábricas de fertilizantes nitrogenados. A estatal vem fornecendo gás diretamente a essa plêiade de clientes sem passar pelas distribuidoras. As companhias alegam ter exclusividade no suprimento do insumo em suas áreas de concessão. Outro ponto de atrito é que não existe contrato firme de fornecimento de gás pela Petrobras no longo prazo, com preços e reajustes definidos. A incerteza quanto a  entrega do combustível pela empresa, única supridora do gás natural no país, provoca dúvidas quanto ao retorno do investimento para os distribuidores. Na própria Petrobras, a ficha começa a cair. A percepção é que ou a companhia revê certas decisões e cria um cenário mais favorável aos investimentos na distribuição de gás – ainda que isso lhe custe uma perda de receita no curto prazo – ou, então, continuará brigando consigo mesma na venda da Gaspetro. Hoje, aos olhos dos investidores, o setor não é atrativo. Que o diga o Itaú BBA, adviser do “Projeto Belém” – codinome pelo qual a negociação da Gaspetro é tratada dentro da própria estatal. Os primeiros resultados do road show promovido pelo banco ao longo de 30 dias não foram nem um pouco empolgantes. Entre as mais de 20 empresas da área de energia e fundos de private equity contatados, ninguém chegou a abrir um canal de negociação direto com a própria Petrobras.

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