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Eliezer defende gabinete de crise para a água

  • 12/11/2014
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O engenheiro Eliezer Batista gastou pelo menos quatro décadas dos seus 90 anos de idade realizando projetos e estudos vinculados de forma direta ou indireta a  questão hídrica brasileira. Ontem, em sua base de operações, localizada na sede da Firjan, no Centro do Rio, o expresidente da Vale despejava indignação com os descaminhos que estão levando o aquífero nacional a uma situação de risco. Na avaliação de Eliezer, a água tornou-se uma das prioridades absolutas do país, merecendo, inclusive, a criação de um gabinete de crise ligado a  Presidência da República. Nesse novo bunker estariam concentradas as decisões envolvendo projetos de engenharia, análises de clima, solo e florestamento, integração de sistemas regionais e eventual importação de soluções para o reaproveitamento dos recursos hídricos. A preocupação de Eliezer Batista chega ao extremo de prever problemas para o abastecimento de água potável para consumo humano em algumas regiões do país. Segundo ele, se nada for feito, capitais de médio porte, como Vitória, poderão enfrentar uma crise de suprimento no caso de um período de seis meses de estio . Não sobraria nem uma moringa cheia, diz Eliezer, num híbrido de humor sardônico e temor pelo prenúncio de uma calamidade. Ele afirma que estão disponíveis estudos internacionais demonstrando um processo global de crescente desertificação em áreas centrais, distantes do litoral. O caso de São Paulo é grave, mas trata-se, antes de tudo, de uma questão de engenharia, e não de um problema sistêmico. Ao menos, por enquanto. Eliezer cita também o impacto sobre a agropecuária, umas das principais atividades econômicas do país. Na região de Governador Valadares, no médio rio Doce, a capacidade produtiva do gado caiu da média histórica de quatro cabeças por hectare para menos de 0,5. Quando foi ministro de Assuntos Estratégicos, no governo de Fernando Collor, Eliezer deixou um feixe de projetos que visavam exatamente a  prevenção do atual cenário. Todos desapareceram em algum escaninho da burocracia, ou, “então, foram queimados”, ironiza. Certamente datam daquela época algumas das suas atuais ideias para precaver o país de dias ainda mais secos. Por exemplo: a construção de lagos em regiões de grande florestamento, especialmente a Floresta Amazônica. Reside na proposta um contencioso em potencial com os ambientalistas, que prefeririam passar sede a ver derrubadas algumas árvores. A proposta de criação de grandes bacias artificiais seria bem menos onerosa do que a alternativa de importação dos projetos de dessalinização por meio de osmose reversa, utilizados notadamente pelos Estados Unidos e pela Coreia do Sul. Algumas medidas demoraram tanto a ser adotadas, que já nem fazem mais sentido. Um exemplo é a sempre tão decantada transposição do São Francisco. Transpor o quê se o rio está secando?

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