Brookfield é um arranha-céu com problemas até o teto

  • 11/08/2014
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A cada passo que dá, a Brookfield Incorporações parece se distanciar mais e mais de seus anos dourados, tempos em que ainda atendia pelo nome de Brascan. Os problemas se acumulam nas mais diversas frentes: prejuízos crescentes, queda no número de lançamentos imobiliários, atritos com minoritários, que questionam o recémanunciado aumento de capital, e até uma indesejável visita ao noticiário policial – a Brookfield está envolvida no escândalo do pagamento de propinas a fiscais da prefeitura de São Paulo. Agora, mais um item se soma a esta extensa lista de adversidades. A dois anos dos Jogos Olímpicos, parte dos projetos da companhia para o segmento hoteleiro está parada. E assim deverão ficar até que a CVM se pronuncie sobre uma matéria capaz de alterar significativamente a estratégia da Brookfield para esse mercado. O nó da questão é a regulamentação da venda de cotas vinculadas a  construção dos chamados condo- hotéis. Nesta modalidade, os investidores compram unidades de condomínios que são operados como quartos de hotel. Os próximos meses serão de tensão para a Brookfield: a expectativa é que até dezembro o colegiado da CVM decida se operações desta modalidade terão de ser obrigatoriamente antecedidas por um registro de oferta pública. Pelas estimativas das incorporadoras, os ritos burocráticos do mercado de capitais vão aumentar os custos dos projetos em até 10%. Recentemente, a CVM autorizou a Best Western a comercializar um projeto no Rio de Janeiro no modelo condo-hotel (Best Western Premier Arpoador Fashion Hotel) sem a necessidade de registro. A decisão, no entanto, não trouxe muito alento para a Brookfield e suas congêneres. Entre especialistas em Direito do mercado de capitais, prevalece o entendimento de que as cotas de um empreendimento para fins de hospedagem são um investimento coletivo de valor mobiliário, o que torna a oferta pública obrigatória. A medida atingirá as incorporadoras de um modo geral, mas, no caso específico da Brookfield, o impacto promete ser ainda maior. O setor hoteleiro é a grande aposta da empresa para frear uma duríssima temporada de prejuízos – as perdas nos últimos dois anos e meio somam R$ 1,2 bilhão. No entanto, os principais projetos da incorporadora para o segmento seguem justamente o formato condo- hotel. Trata-se de uma carteira de empreendimentos de aproximadamente R$ 1 bilhão, por ora todos engessados, a  espera da CVM. O grande temor da Brookfield é que a maior parte desses hotéis não esteja concluída antes dos Jogos Olímpicos de 2016. Além disso, caso seja obrigada a fazer o registro de ofertas públicas no mercado de capitais, a empresa será forçada a rever o project finance dos projetos, postergando ainda mais o início das obras

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