Eletrobras engole mais dois sapos do setor elétrico

  • 11/12/2013
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Talvez já esteja na hora de se criar um Bom Senso Futebol Clube para o setor elétrico, notadamente no que diz respeito a s finanças da Eletrobras. Não obstante a dívida bruta já superior a R$ 60 bilhões e o prejuízo de R$ 800 milhões apenas entre janeiro e setembro deste ano, a estatal segue como fiel depositária dos entulhos financeiros das distribuidoras estaduais. Segundo alta fonte do Ministério de Minas e Energia, a CEA, do Amapá, e a CERR, de Roraima, serão federalizadas até fevereiro de 2014. As duas concessionárias já estão sob gestão da estatal desde setembro. Caso a transferência do controle se confirme , a Eletrobras será forçada a engolir uma dívida somada de quase R$ 2 bilhões, com impacto contábil já no balanço do primeiro semestre. Ressalte-se que, no caso específico da CEA, não será a primeira indigestão. Recentemente, após uma arrastada negociação política, a Eletronorte, subsidiária da Eletrobras, não teve outra saída senão fechar um acordo com o governo do Amapá e perdoar quase metade dos créditos contra a distribuidora do estado: a conta caiu de R$ 1,3 bilhão para pouco mais de R$ 700 milhões. Consultada, a Eletrobras informou que ?o acordo com os governos do Amapá e de Roraima não prevê o controle da CEA e da CERR, mas a gestão compartilhada das empresas”. Não tivesse o sufixo ?bras?, muito provavelmente a holding do setor elétrico nacional já teria soçobrado por conta da política de federalização das concessionárias estaduais. Somente em 2012, as seis distribuidoras penduradas na Eletrobras apresentaram um prejuízo de R$ 1,3 bilhão. Num exercício matemático, a dolorosa fatura subiria para R$ 2,1 bilhões se já fosse contabilizada a goiana Celg, cujo controle também está prestes a ser federalizado. Por ora, a Eletrobras se vale de soluções paliativas, remédios que combatem os efeitos, mas não a causa. O próximo medicamento, muito provavelmente, será o empréstimo de R$ 2,6 bilhões da Caixa Econômica Federal, que esteve prestes a ser fechado, mas só deverá sair em 2014. Em tempo: segundo a mesma fonte do Ministério de Minas e Energia, o episódio CEA e CERR azedou ainda mais as relações entre o presidente da Eletrobras, José da Costa Neto, e Edison Lobão. O ministro de Minas e Energia não está disposto a engolir a ?insurreição? de Costa Neto, que tem feito intensas gestões no governo para evitar a federalização das duas distribuidoras. O caso torna ainda menos provável a permanência do executivo no comando da Eletrobras em 2014. Se serve de consolo, “Costinha”, como é mais conhecido entre seus pares, pode deixar o cargo como um mártir. No governo, ninguém tem brigado mais do que ele para impedir que a Eletrobras seja forçada a engolir novos prejuízos decorrentes da federalização de concessionárias estaduais. Em vão.

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