Emprego é a nova arma no coldre de Jair Bolsonaro

  • 23/08/2018
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O capitão Jair Bolsonaro quer dar um tiro de morte na sua concorrência. Vai prometer o que até agora ninguém prometeu: emprego maciço com treinamento. O “keynesianismo bolsomita” é uma contribuição ainda duvidosa de Paulo Guedes à campanha. Seria a prova que mesmo os liberais mais xiitas cedem em suas convicções diante da vontade de poder. Seja como for, o programa “Trabalho para todos” vem como uma cereja nessa fase em que o tempo de televisão tende a favorecer candidaturas adversárias, e Bolsonaro tem um espaço exíguo.

A proposta combinará austeridade fiscal, controle da dívida mobiliária, reformas estruturais e frentes de emprego no melhor estilo militar, muitas vezes tendo a colaboração dos batalhões de engenharia do Exército. Não faltam pontes, fossas, trilhos, estradas e casas para levantar. E a dinheirama para tudo isso? Coloque-se tudo na conta da megaprivatização, supercorte das renúncias fiscais, hiperredução do funcionalismo público, maxirreforma da Previdência e outros superlativos tão ao gosto do virtual ministro da Fazenda, Paulo Guedes. A última vez que alguém trouxe o emprego para o centro do debate nacional foi o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, radical antípoda de Jair Bolsonaro.

Betinho pode até ter tomado uns cascudos do capitão, quando ambos atravessavam sua fase mais hard core. Sabe-se lá. Mas o fato é que o sociólogo tentou contagiar o país ofertando soluções criativas para que as unidades federativas privilegiassem projetos mais intensivos em mão de obra. Não deu tempo para sua sedução extrair da terra os postos de trabalho. Betinho virou anjo e a fome de emprego perdeu sua urgência. Hoje é quase um sonho de heterodoxia pensar que um economista triliberal ouse colocar o emprego no centro de um programa de campanha arquiconservador. Trata-se de uma heresia tão grande que não serão suficientes as promessas do capitão ao vivo e a cores. Enquanto Paulo Guedes não vier em público afiançar seu malabarismo, o emprego prosseguirá sendo um apêndice da crença neoliberal misturada com as esquisitices bolsomitas.

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