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Benjamin Steinbruch deve se olhar no espelho e dizer: “O Rocca aqui sou eu”. Para os não versados, a imagem refletida é a de Milanesi Agostino Rocca, fundador do Grupo Techint, mais conhecido no Brasil por controlar a Usiminas. Todos os principais negócios dos ítalo-portenhos no país têm esbarrado em Benjamin. É o caso da investida sobre a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA). O grupo, que tratava a compra da CSA como a sua grande aposta de crescimento no Brasil, foi jogado para fora da estrada pelo barão do aço, hoje o principal candidato a aquisição da usina fluminense. Benjamin parece uma assombração perseguindo os descendentes dos Rocca com um fino estilete de aço forjado na CSN. Nas últimas semanas, os ítalo-portenhos tentaram negociar um cessar fogo com o empresário no bilionário contencioso envolvendo a Usiminas. O litígio envolve a posição de Benjamin na siderúrgica, leia-se a participação de 12% no capital ordinário, e o ingresso da Techint no bloco de controle da empresa, no início de 2012. O empresário entrou na Usiminas para ser dono, mas foi preterido pelos japoneses da Nippon Steel, também sócia da siderúrgica, em favor da Techint. Na ocasião, o coro mundial dos analistas perguntava: “Oh, o que Benjamin vai fazer com uma operação de portfólio?”. Pouco mais de um ano depois, a resposta está dada: o dono da CSN alega que o desembarque da Techint na Usiminas configurou mudança de controle. Portanto, exige dos ítalo-argentinos o pagamento do tag along. Com base no valor que o grupo desembolsou pelas suas ações, o espeto pode chegar a R$ 5,3 bilhões – só Benjamin ficaria com aproximadamente R$ 1,8 bilhão. Até aí, grande parte da história já foi contada, de uma forma ou de outra. Mas o RR apurou, de primeiríssima mão, que a Techint acenou com o pagamento de até 40% do valor exigido por Benjamin e pelos demais minoritários. O barão não quis nem saber. A mesma fonte garante que ele fará a última geração dos Rocca sangrar aço líquido fervente. Ou seja: nada de acordo. A Techint vai ter de pagar a cifra reclamada, a não ser que aceite uma convivência bem mais próxima com Benjamin. Restaria convencer os japoneses de que uma consolidação CSN/Usiminas, com minério de ferro saindo pela janela, seria um bom negócio para todos. Tanto a Techint quanto os nipônicos sabem que essa associação não só agradaria ao governo brasileiro como permitiria ganhos de sinergia de toda ordem. E, principalmente, tiraria Benjamin Steinbruch de cima do seu cangote. O empresário opera dentro da Usiminas como se fosse uma versão da NSA voltada ao setor siderúrgico. Em tempo: em pelo menos um front, Techint e Benjamin Steinbruch estão empatados: ambos figuram no índex do governo do Rio de Janeiro. A transferência da sede da CSN de Volta Redonda para São Paulo nunca foi perdoada pelas autoridades do estado. Assim como é provável que o governo fluminense jamais perdoe a decisão da Techint de abandonar o projeto de instalação de uma siderúrgica no Porto do Açu. Não há empresa que saia ilesa após uma desfeita como essa, sobretudo em ano pré-eleitoral. Esse empate, no entanto, pode ser efêmero. Se levar a CSA, Benjamin volta a ser queridinho pelo governo do Rio. Já a Techint dificilmente conseguirá virar esse jogo.
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