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Sem privatização, EDP e Lírio Parisotto espreitam a porta de saída da Celesc

  • 16/07/2024
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É tempo de transição na Celesc. Não apenas energética, mas societária. Há quase um consenso no setor que a EDP e o Geração L Par, fundo do investidor Lírio Parisotto, vão reduzir ou até mesmo vender integralmente as suas participações na distribuidora catarinense – respectivamente de 33,11% e de 2,91% do capital votante (ou 29,9% e 8,5% do capital total).

A razão é o resfriamento – para não dizer congelamento – dos planos de privatização da Celesc. Em recente entrevista ao Valor Econômico, em 8 de junho, o próprio presidente da companhia, Tarcísio Estefano Rosa, disse que a venda do controle “está descartada enquanto os serviços prestados à população forem adequados”. Com isso, a principal motivação da dupla, montar uma posição privilegiada no capital mirando a posterior privatização, perdeu sentido.

É uma ducha de água fria. Cabe lembrar que a Celesc é uma das duas últimas distribuidora de energia ainda sob controle do estado – ao lado da Cemig. Em contato com o RR, a EDP informou que não comenta o assunto. Também consultado, o Geração L Par não se pronunciou.

No caso específico de Lírio Parisotto, um dos maiores ativistas do mercado de capitais brasileiro, o revés tem um peso ainda maior. Parisotto teria se envolvido diretamente em articulações para a privatização da Celesc. Em dezembro de 2022, por exemplo, reuniu-se com o então governador eleito de Santa Catarina, Jorginho Mello, para tratar do assunto.

Consta que Parisotto tentou, inclusive, influenciar na gestão da companhia, com a manutenção de Cleicio Poleto Martins, que comandava a Celesc na ocasião. Martins era favorável à privatização. Curiosamente, Parisotto acabou batendo de frente com o próprio governador Jorginho Mello, contrário à permanência de um executivo indicado por seu antecessor, Carlos Moisés.

Ao indicar Tarcísio Stefano para o cargo de CEO, o governo catarinense neutralizou possíveis ingerências de Parisotto e da própria EDP sobre a gestão executiva. E Stefano, por sua vez, distanciou a Celesc da privatização. Ou seja, nada saiu de acordo com o script idealizado pelos dois acionistas privados da distribuidora.

Nesse cenário, talvez não reste mesmo outra alternativa à dupla do que olhar para a porta de saída. Em tempo: tomando-se como base apenas o market cap da Celesc, a participações da EDP e de Parisotto valem, respectivamente, cerca de R$ 880 milhões e R$ 250 milhões.

#Celesc #EDP

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