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Houve um momento em que a família Quartiero, dona da Camil Alimentos, sentiu o gostinho de ser sócia do futuro ministro da Fazenda. Efêmero sabor. Ficou sem o ministério e agora deverá perder o parceiro: o Gávea Investimentos, de Armínio Fraga e do JP Morgan, procura um comprador para a sua participação de 32% na empresa. Os atritos entre a gestora de recursos e os acionistas controladores da Camil chegaram ao seu limite. A maior das divergências diz respeito a política de aquisições conduzida pelos Quartiero. Em quatro anos, a companhia comprou quase uma dezena de ativos, inclusive no exterior. Com isso, aumentou receita, ganhou peso e consolidou- se com um dos maiores conglomerados da área de alimentos. Em contrapartida, o lucro da Camil tem caído seguidamente nos últimos dois anos. Na ótica financista do Gávea, um efeito colateral imperdoável, tanto quanto o impacto das aquisições sobre o balanço da empresa. Desde 2012, o passivo subiu quase 50% e já beira a marca de R$ 1 bilhão. Há dois anos, a dívida equivalia a aproximadamente 60% do patrimônio líquido. Hoje, esta relação é de um para um. Já há algum tempo o Gávea Investimentos defendia uma freada de arrumação na Camil, com a suspensão de novas aquisições e o foco na renegociação da dívida – ver RR edição nº 4.876. Foi voto vencido. A gota d’água, ou melhor, os dois pingos que fizeram o copo transbordar vieram em dezembro passado. No início do mês, a Camil fechou a compra da trading peruana Romero, especializada na comercialização de cereais e outros produtos agrícolas. No mesmo período, teria iniciado negociações para a compra da Copagro, produtora de arroz de Santa Catarina. Entre se confrontar ainda mais com a família Quartiero ou arrumar as malas, o Gávea preferiu seguir a velha máxima de que “os incomodados que se mudem”.
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