Gasoduto paulista pega desvio para longe do “petrolão”

  • 11/03/2015
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O vácuo deixado pela Petrobras em alguns negócios de médio porte começa a ser preenchido. Ao menos é o caso do projeto de construção de um gasoduto entre a Bacia de Santos e Cubatão, orçado em aproximadamente R$ 2 bilhões. Shell, Total e Galp são fortes candidatas a ocupar o lugar da estatal. A tríade está em negociações com o governo de São Paulo para desembarcar no empreendimento, assumindo a instalação e a operação do pipeline. O projeto, conduzido pela Secretaria de Energia do estado, foi originalmente concebido para ser pendurado na Petrobras, a principal fornecedora de gás para as três distribuidoras que operam em terras paulistas – Comgás, Gás Natural Sul e Gas Brasiliano, da qual, inclusive, a estatal é uma das sócias. No entanto, havia um “petrolão” no traçado do gasoduto – como, aliás, de tantos outros investimentos da companhia sob risco de serem carregados pela Lava Jato. Na reta final da gestão Graça Foster, a Petrobras formalizou sua saída do negócio, alegando não se tratar de um empreendimento estratégico. O que está em jogo é a instalação de uma estrutura com capacidade para o transporte de 16 milhões de metros cúbicos diários de gás, praticamente metade do Bolívia-Brasil. Caso Total, Shell e Galp assumam o investimento, este será um dos poucos entre os tantos projetos de gasodutos tracejados nos últimos anos que efetivamente sairão da prancheta. De igual porte, até o momento, só deve vingar o pipeline de 450 quilômetros no Triângulo Mineiro, que será usado para abastecer a fábrica de amônia da própria Petrobras em Uberaba. Os três grupos europeus entrarão no negócio com uma dupla identidade: atuarão tanto com o chapéu de operadores do duto quanto o de fornecedores de matéria-prima – todos têm participação em blocos de gás na Bacia de Santos. O projeto passa obrigatoriamente pelo Palácio Bandeirantes. Além de responsável pela cessão da chamada faixa de servidão por onde passará o gasoduto, o governo paulista poderá ter uma participação no equity do negócio. Muito provavelmente seu ingresso na operação se dará por meio da Empresa Metropolitana de aguas e Energia (EMAE), que, inclusive, já dispõe de uma área de servidão próxima ao traçado idealizado para o gasoduto, por onde passam tubulações de água.

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