As sístoles e diástoles do Grupo Suzano

  • 3/12/2013
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A Suzano tornou-se uma empresa que dorme no lusco e acorda no fusco. E viceversa. O grupo tem alternado momentos de luminosas decisões estratégicas com outros de opacidade administrativa. Na primeira categoria, entram, por exemplo, a providencial saída do setor petroquímico e o consequente foco na área de celulose, que se revelaram acertos históricos dos Feffer. Em contrapartida, a Suzano acumula alguns apagões, como a perda do executivo Antonio Maciel Neto, que conferia ao grupo senioridade gerencial e uma densidade estratégica, e a desalentadora performance da Suzano Papel e Celulose, uma empresa que insiste em não entregar o tanto que promete. Aliás, o mais recente negrume do grupo vem justamente da subsidiária. A nova fábrica de celulose de Imperatriz (MA) nem sequer entrou em operação e já rendeu o primeiro grande dissabor aos Feffer. Na semana passada, durante testes operacionais, houve um acidente envolvendo a caldeira de recuperação da futura planta industrial. Segundo fontes próximas a  Suzano, o problema praticamente jogou por terra as pretensões do grupo de inaugurar a fábrica ainda neste ano. A Suzano confirma que houve um ?desvio no processo de comissionamento da caldeira da unidade de Imperatriz? ? os filólogos talvez dissessem que o uso da palavra ?acidente? evitaria o desperdício de vocábulos. A companhia nega impactos no cronograma e afirma que o início da operação está confirmado para dezembro. Tomara! No entanto, segundo a fonte do RR, o conserto do equipamento deve durar três semanas, o que empurraria a inauguração apenas para o fim de janeiro. Caso se confirme, o atraso vai doer fundo no bolso dos Feffer. Basta fazer as contas. Seriam 21 dias a menos de receita. Como a capacidade de produção da nova fábrica é de quatro mil toneladas por dia e a tonelada da celulose está na casa dos US$ 700, o prejuízo da Suzano chegará perto dos US$ 60 milhões. Prejuízo, aliás, é uma palavra que tem feito parte da rotina da Suzano Papel e Celulose. São tempos de breu pelas bandas da empresa. Nos nove primeiros meses do ano, a companhia acumulou perdas de R$ 162 milhões. Pelo andar da carruagem, tem tudo para superar o prejuízo de 2012, de R$ 182 milhões. Os resultados contrastam com o destino que parecia traçado para a empresa. Quando a Fibria veio ao mundo, carregando em seu estômago as bilionárias perdas com derivativos da Aracruz, a Suzano Papel e Celulose parecia estar anos-luz a  frente da rival. No entanto, esta percepção está desaparecendo em meio ao eclipse da companhia. Recentemente, o grupo cancelou o projeto de construção de outra fábrica de celulose no Piauí. Com isso, a fábrica de Imperatriz tornou-se o grande projeto em curso na Suzano, ao custo total de US$ 3 bilhões. A aposta dos Feffer no negócio é tão grande que os empurrou a  iminente compra das florestas da Vale no Pará, operação avaliada em mais de R$ 500 milhões. O objetivo da aquisição é justamente aumentar o suprimento de matéria- prima para a futura planta maranhense. Mas, nos momentos de maior escuridão, sempre há o risco de se topar com uma caldeira de recuperação no meio do caminho.

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