Venda da BR Distribuidora fica no meio tanque

  • 1/07/2016
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 A opção pela coluna do meio – dividir o controle da BR Distribuidora irmãmente com um investidor – é a saída pela tangente hoje majoritária entre os membros do Conselho de Administração da Petrobras. Ela acomoda a disposição privatista do presidente da estatal, Pedro Parente, que sairia perdedor caso tentasse, a exemplo do antecessor Aldemir Bendine, vender a maior parte ou mesmo a totalidade do capital da companhia. E também vai ao encontro das ponderações do ex-presidente do Conselho da estatal e nº 1 da Vale , Murilo Ferreira, contrário à venda da empresa já, ou seja, antes de um choque de gestão capaz de valorizar o preço do ativo. No novo modelo de associação mano a mano, a gestão seria profissionalizada, o que permitiria em um valuation futuro vender parte do capital em mãos da Petrobras com um elevado prêmio pelo controle, lançando mão da golden share para algumas funções estratégicas da distribuidora.  Abrir mão de 50% das ações da BR é um caminho intermediário: a “mãe” será capitalizada sem perder a ingerência sobre uma companhia que tem, digamos assim, outros deveres relevantes além de gerar lucro na boca da mangueira de gasolina. A BR cumpre uma série de atribuições estratégicas, que vão além das suas fronteiras corporativas e muito provavelmente não seriam seguidas à risca por um investidor privado. A empresa garante o escoamento dos derivados produzidos pela Petrobras, evitando a asfixia das refinarias estatais. Abastece regiões ermas do país, das quais as concorrentes nem chegam perto devido à baixa escala. Garante o fornecimento aos governos federal, estaduais e municipais de asfalto e emulsões para rodovias de todo o país. A importância da BR chega ainda à área de defesa: a companhia integra o Sistema de Segurança Nacional, sendo responsável pelo abastecimento de combustível de todas as Forças Armadas. Antes de mexer nesse vespeiro, o presidente da Petrobras tem muita coisa para arrumar na frente. Quer trazer profissionais gabaritados do mercado para tocar a BR, mas o primeiro passo é iniciar já a mudança de todos os processos da companhia. Vai contratar o onipresente consultor Vicente Falconi, que dará o ar da sua graça em conferência na Petrobras neste fim de semana. O cartão de visita de Falconi não é uma navalha, mas uma nota fiscal.

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