Tag: Café
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Empresa
Que cheirinho de M&A é essa no café da Nestlé?
29/05/2024Agronegócio
Experimento da Embrapa promete aumentar a produtividade da cafeicultura brasilera
8/04/2024O RR apurou que a Embrapa vai anunciar nesta semana os primeiros resultados de um novo experimento tecnológico com potencial de ampliar ainda mais o peso do Brasil no mercado internacional de café. Os dados do estudo, realizado em oito regiões diferentes de Minas Gerais, indicam a possibilidade de um significativo salto de produtividade para as próximas colheitas. De acordo com a mesma fonte, os testes com 16 tipos de arábica demonstraram a possibilidade de uma produção de 33 sacas por hectare – a atual média nacional é de 26,7 sacas por hectare. A Embrapa utilizou pés de café com características agronômicas superiores, com maior resistência a pragas e doenças, como ferrugem e nematóide.
O Brasil já é líder mundial no plantio de café, tanto no volume quanto na produtividade. Os novos avanços tecnológicos devem não apenas aumentar essa distância para os principais concorrentes internacionais como dificultar o ingresso de outros países no clube dos produtores da commodity, tanto para variedade arábica como também para a robusta. A Embrapa é o Brasil que deu muito certo.
Economia
Novas regras da UE para o café beneficiam o Brasil
15/09/2023O setor cafeeiro do Brasil tem tudo para ser um dos grandes beneficiados com a nova legislação da União Europeia para a compra de produtos ligados ao desmatamento. É o que crava a publicação especializada Econotimes, de Seul. O veículo debruçou-se sobre a nova edição do Coffee Barometer, documentário elaborado por um consórcio de ONGs globais. As novas regras da EU exigirão que importadores de commodities façam um rigoroso rastreamento para comprovar que o produto não contribui para o desmatamento. Segundo o Coffee Barometer, uma parte dos países produtores de café não está preparada para atender às imposições da Europa. A tendência é que países compradores redirecionem suas compras para produtores com sistemas de rastreabilidade mais confiáveis, como é o caso do Brasil.
OBS RR: A produção mundial de café está dispersa em aproximadamente 70 países. No entanto, 85% estão concentrados no Brasil, Vietnã, Colômbia, Indonésia e Honduras. Praticamente a metade das exportações brasileiras de café tem como destino a União Europeia, especialmente Alemanha, Itália, Bélgica, França e Espanha. O Ministério da Agricultura e representantes do setor têm feito seguidas reuniões para analisar a nova legislação da UE, leia-se a Lei da EUDR (Due Diligence Europeu), que exige maior transparência na cultura do café. O governo está investindo cerca de R$ 85 milhões na “Plataforma AgroBrasil + Sustentável”, sistema que fornecerá e integrar dados relacionados à rastreabilidade do grão.
Destaque
Contratos em aberto ameaçam o setor cafeeiro no Brasil
13/02/2023A ameaça de safras com “inconsistências contábeis” em cadeia paira sobre o setor cafeeiro no Brasil. O risco em questão vem da crescente exposição dos players centrais – produtores, tradings e bancos – a contratos mercantis de entrega futura em aberto. Segundo uma fonte do setor, o estoque atual soma cerca de 10 milhões de sacas ou aproximadamente US$ 1 bilhão – o equivalente a pouco mais de 25% das exportações brasileiras do produto no ano passado. Essa cifra tem causado apreensão no mercado, especialmente nas instituições financeiras, a ponta final onde está pendurada toda a estrutura de crédito que faz a roda girar. Como o nome sugere, essa modalidade de contrato prevê a entrega física do café a futuro com base em projeções de produção e preço para os anos subsequentes. Esse tipo de operação, existente apenas no Brasil e na Colômbia, carrega riscos consideráveis e coloca toda a indústria sobre o fio da navalha. Hoje há um razoável grau de alavancagem, que deixa o setor à mercê do imponderável. Uma eventual repetição das condições climáticas adversas registradas no país em safras recentes pode afetar consideravelmente a capacidade de entrega do café e cumprimento do contrato, criando um efeito dominó nos balanços das tradings e, sobretudo, dos bancos.
O compliance das grandes trading companies não permite que elas trabalhem com um risco excessivo. Essas multinacionais são obrigadas a fazer operações de hedge para o risco de preço e do não recebimento do produto. Ainda assim, não deixa de ser uma potencial bomba relógio: as tradings carregam o hedge para a frente e vão lançando sucessivamente em seus balanços a entrega do café a futuro. Com isso, a ameaça maior recai sobre as instituições financeiras. Não por acaso, diante do excessivo volume de contratos em aberto no país, já circulam rumores no setor de que bancos poderão brecar o crédito a tradings.
A preocupação dos agentes do mercado cafeeiro no Brasil tem sido alimentada pelo alerta que vem da Colômbia. A modalidade dos contratos mercantis de entrega a futuro criou um rombo no setor no país vizinho. Neste momento, há algo em torno de US$ 200 milhões em acordos não honrados. Essa cifra tende a ser ainda maior. O volume em questão corresponde apenas a exportações firmadas no âmbito da Federação de Cafeicultores da Colômbia, uma espécie de “grêmio cafeeiro” com vinculações paragovernamentais. A Federação responde por aproximadamente um terço das vendas internacionais de café da Colômbia ou algo como US$ 1,2 bilhão. Significa dizer que os contratos mercantis em aberto representam cerca de 18% das vendas feitas pelos membros da instituição. Em tese, a Colômbia tem um hedge natural. Em razão da ligação da Federação com o governo, muito provavelmente o Tesouro colombiano entrará em ação para cobrir as perdas. No Brasil, esse colchão estatal não existe.
O contrato mercantil para entrega física de café a futuro é um “produto” made in Brazil. A modalidade foi copiada do mercado de petróleo. Só que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Na indústria petrolífera, a imprevisibilidade é muito menor. Cada produtor tem suas reservas quantificadas e auditadas, com a garantia de que terá óleo para entregar. Além disso, um ponto fundamental: não tem seca ou geada a dois ou três mil metros de profundidade.
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Xícara pela metade
23/11/2020O RR levantou que o serviço do cafezinho foi adiado para 2022. As exportações brasileiras da commodity estão com seus fluxos de embarque atrasados pela falta de disponibilidade de containers e menor frequência de navios atracando nos portos brasileiros. A situação é consequência direta da queda das importações brasileiras e do aumento relativo de compras internacionais de cargas a granel, que não usam containers. Como os produtores de café já venderam mais de 65% da produção da colheita 2020/21, o pepino está em mãos dos exportadores, que compraram café para exportação e estão com o produto estocado a espera de container e navios.
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Café abre ainda mais o apetite tributário do governo
22/10/2020O desempenho da cafeicultura brasileira desponta como um estimulante a mais para as discussões dentro do governo sobre a criação de um imposto sobre as exportações de commodities – ver RR edição de 30 de setembro. A premissa é que há riqueza demais no café com baixa contribuição fiscal. O cafeicultor brasileiro está prestes a saborear uma das safras mais rentáveis da história, graças à combinação de uma colheita recorde com o câmbio extremamente favorável.
De acordo com o executivo de uma das maiores tradings do mundo ouvido pelo RR, o mercado já trabalha com uma projeção para a próxima safra de até 65 milhões de sacas para o café arábica e algo entre 17 e 20 milhões de sacas para o conilon, ou seja, uma produção total de até 85 milhões de sacas. A se confirmar, será a maior colheita da história da cafeicultura brasileira. Os números, ressalte-se, são bem superiores à terceira estimativa divulgada pela Conab em setembro, da ordem de 61,6 milhões de sacas. Não é de se estranhar.
Há algum tempo, as projeções oficiais do governo andam descalibradas – o próprio RR chamou atenção para o fato na edição de 22 de setembro do ano passado. Os ganhos dos produtores com a safra recorde de café serão potencializados pelo efeito do câmbio. O Brasil vive um momento de alta competitividade no mercado global. Hoje, na comparação com a Colômbia, nosso maior concorrente, o dólar vale 25% a mais para o produtor brasileiro de café.
Em relação a outros importantes exportadores de arábica, como El Salvador, Costa Rica, Honduras, Guatemala, México e Nicarágua -, na média o ganho cambial dos cafeicultores brasileiros é quase 50% superior. Essa performance do setor cafeeiro é um convite ao governo não apenas levar adiante a ideia de taxação das commodities, mas também de analisar essa hipótese caso a caso, criando regimes diferentes para cada produto. Não custa lembrar que, por décadas, as exportações de café foram tributadas com o recolhimento da “Cota de Contribuição”, instituída nos anos 60 pela Instrução 205/61 da antiga Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc). Os recursos provenientes de cotas, ressalte-se, têm destino definido pela lei que cria a contribuição. Já o imposto sobre exportação é arrecadação fiscal na veia. Cai direto na conta do Tesouro.